Co-dressing, NETFLIX de roupas e a ressignificação do consumo de moda no Brasil

Co-dressing, na tradução livre, é sobre armário compartilhado. Mas o verdadeiro sentido da palavra vai além, e fala também sobre a ressignificação do consumo e de como tudo isso impacta para o mercado e para o consumidor de moda no Brasil

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Foto: banco de imagens

Em um contexto de produtos novos a cada semana, lançamentos luxuosos e tendências cada vez mais vulneráveis, pouco reflete-se sobre o descarte. Para onde vão todos os produtos “velhos”, os que já enjoaram ou que já são obsoletos para os flashes da moda? Qual impacto que todo esse descarte provoca? Quem perde? Quem ganha?

→ Assista: UNRAVEL – documentário sobre a indústria indiana de reciclagem de roupas

Não, ninguém ganha.

 

O segmento de moda representa uma das indústrias mais intensivas em recursos do mundo, tanto em termos de recursos naturais quanto de recursos humanos. Não nos preocuparmos com o futuro dos tecidos, do enorme estoque e da extração da matéria-prima, nem com o consumo exagerado e a curto prazo é caminhar para um conceito de moda cada vez mais frágil e vazio.

A relação entre moda e consumo sustentável é complexa e até política.

Ela não deve ser tratada como recurso de marketing para vender mais, muito menos para mascarar processos que estão longe de serem cadeias sustentáveis.

→ Leia mais em: Consumo Consciente: Moda & Sustentabilidade no Brasil

 

Mas as fundadoras da primeira co-dressing do Brasil, cinco-cinco, propõem uma alternativa através de um empreendimento  baseado em economia colaborativa e co-dressing.

O QUE É CO-DRESSING?

O termo não é exclusivo da marca. Co-dressing vem do inglês compartilhar vestuário, ou, armário compartilhado. Mas a cinco-cinco vai além. Para elas, co-dressing significa também um mundo compartilhado e consciente. Ao compartilhar roupas, acessórios e também ideias, gera-se fluxo de conteúdo e uma infinidade de possibilidades.

CINCO-CINCO

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Foto: divulgação cinco-cinco

A marca é fundada por três mulheres. Maíra Henrique, 25 anos, arquiteta. Isis Henrique, 21 anos, estudante de design de moda. E Rafaela Chaves, 27 anos, advogada. Todas com formação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Com um espaço físico localizado na Av. Afonso Pena, 2925, em Belo Horizonte,  a cinco-cinco possui vizinhos de peso em economia colaborativa, como a makerspace FAZ  e o co-working Guaja.

Com a proposta em oferecer diferentes planos para satisfazer diferentes demandas, o trio pretende flexibilizar, democratizar e conscientizar o consumo de moda. A ideia é vender a mensalidade ou o aluguel pontual de determinadas peças pré-selecionadas, que deverão ser retornadas após o prazo do uso.

Selecionamos produtos de qualidade, desde grandes marcas até produtores locais, que entendem a importância de uma cadeia produtiva consciente.

A cinco-cinco também conta com importantes parcerias como Fixbitt – serviço de consultoria de estilo online e A casa BH – espaço de moda e promoção de eventos de moda.

“NETFLIX DE ROUPAS”

Co-dressing também  é conhecido como “Netflix de roupas”. A liberdade de conhecer e acessar diferentes filmes e séries é transportada para o mercado da moda.

House of Bubbles, localizada em São Paulo, inaugurada no início do ano, propõe uma biblioteca de roupas em um espaço que é lavanderia self-service e bar ao mesmo tempo.

Já a cinco-cinco, com inauguração prevista para quinta-feira, dia 23 de novembro, pretende funcionar como um espaço colaborativo que também discutirá sobre moda. Além dos serviços dos planos e o “Netflix de itens“, a marca pretende fornecer consultoria de imagem, workshops, lançamentos de marcas e atividades relacionadas ao universo da moda.

RESSIGNIFICAÇÃO DO CONSUMO

Co-dressing e “Netflix de roupas” representam mudanças sobre a maneira como a moda é consumida.

Propor a ressignificação do consumo é refletir o poder e as reais necessidades de compra.

Comprar um vestido de festa que vai ficar encostado no armário. Comprar um acessório de inverno que vai ficar em desuso a maior parte do ano. Comprar um look por impulso que vai direto para a gaveta. Todas essas clássicas situações felizmente poderão ser revertidas.

A proposta em alugar (ao invés de comprar) roupas permitirá o consumo consciente.

 

O consumidor terá a liberdade para testar e usar, sem a obrigação da compra efetiva das peças. Isso possibilita, também, que ele conheça o trabalho de produtores locais e empreendedores iniciantes, experimente peças novas, marcas novas e estilos novos. Não há obrigatoriedade de consumir por consumir e não há descarte.

  • Gostou muito de uma peça? Contacte o vendedor diretamente. Não gostou de alguma peça? Devolva e troque por outra.

Inteligente, prático e consciente. Como o conceito de moda nunca deveria ter deixado de ser.

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Quer saber mais? Acompanhe o Instagram da cinco-cinco.

 


Redação: Equipe Loocalizei

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