Em alta, programas de fidelidade se tornam alvos de ataques cibernéticos

As vantagens oferecidas nesse sistema despertam o interesse dos consumidores e chamam a atenção de hackers.

Diante da crise econômica, os brasileiros estão utilizando mais o cartão de crédito. Pesquisas recentes da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Créditos e Serviços) revelam que, só no primeiro trimestre do ano, o país movimentou R$ 165 bilhões, um aumento de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. E diante do maior número de transações através do método de pagamento, mesmo que involuntariamente, os brasileiros estão colaborando para impulsionar um grande mercado: os programas de fidelidade. Ainda que boa parte dos consumidores recorra ao pagamento como alternativa para o orçamento apertado e como forma de suavizar os gastos, como consequência, mais pessoas estão acumulando pontos nos programas de vantagens.

Atualmente, a modalidade popularizada pelas companhias aéreas se estende aos mais diversos serviços e já estão influenciando o consumidor na hora de optar por determinadas bandeiras: de acordo com pesquisas do setor, quase 1/3 dos consumidores costuma dar preferência àqueles que oferecem a possibilidade do acúmulo de pontos que possam ser convertidos em benefícios.  Diante de um crescimento significativo dos programas de milhares essas vantagens não são atrativas apenas para os consumidores, mas também chamam a atenção de cibercriminosos, que usam diversos artifícios para tentar fraudar o sistema e furtar o saldo dos associados. Apesar dos investimentos em sistemas de segurança feito pelas empresas que oferecem esses programas, os hackers ainda encontram meios de burlar a proteção e violar as contas dos consumidores.

Programa de fidelidade cai no gosto do brasileiro

Pesquisas demonstram que em 2015 houve um retorno de R$ 2,8 bilhões em benefícios gerados pelas compras com cartões, devido às várias vantagens oferecidas aos associados, que já não se resumem apenas às milhas trocadas por passagens aéreas, pois, as empresas aumentaram seus portfólios para atrair cada vez mais clientes, incorporando uma infinidade de produtos e serviços às trocas de pontos. Essa medida é uma ferramenta utilizada pelas gigantes do setor para impulsionar o acúmulo de pontos por parte dos associados e driblar a queda na procura por passagens aéreas.

O especialista no setor de milhas aéreas Francisco Lobo afirma que os programas de fidelidade cresceram muito nos últimos anos e ainda há muito espaço para o crescimento do sistema. “Só em 2015 mais de 70 milhões de pessoas aderiram a diversos programas de fidelidade no Brasil, isso aumentou o faturamento desse mercado em 27,1%. Dados das maiores administradoras no mercado de fidelização do país registraram juntas um total de mais de 25 milhões de participantes no ano passado”. De acordo com o diretor da Cash Milhas a entrada do varejo nesse setor contribuiu para o fortalecimento do mercado, e já representa quase 20% do total de pontos acumulados.

Com o crescimento do mercado a modalidade se tornou alvo de fraudes

Dados do Serasa Experian apontam que no último ano 32% das pessoas priorizaram o cartão de crédito para acumular pontos em programas de fidelidade. Esse número significativo desperta o interesse de cibercriminosos. O estudo alerta sobre o risco fraude online. Nos dados do último levantamento o indicador registrou 141.008 tentativas no país, e, também mostrou uma ligação entre grandes eventos internacionais, como as olimpíadas realizadas em agosto no Brasil, e o aumento desse número. Além disso, especialistas em inteligência cibernética estimam que os danos causados por fraudes em programas de fidelidade acumulados durante o período de um ano podem representar mais de R$ 1,5 milhão em prejuízos.

Na maioria dos casos, os criminosos utilizam técnicas para conseguir os dados de acesso de um determinado cliente e invadir sua conta. Logo em seguida, efetuam o desvio de saldos em milhas ou pontos através da emissão de bilhetes para terceiros ou a troca por produtos e serviços. Geralmente a pessoa que teve sua conta invadida nem sequer suspeita que foi vítima de um golpe, e só descobre depois de algum tempo, quando seu saldo já foi totalmente utilizado.

Como proceder caso haja violação da conta

Lobo recomenda que ao notar alguma divergência nos dados pessoais, a falta parcial ou total do saldo de milhas e pontos, o consumidor entre imediatamente em contato com a companhia aérea ou a prestadora de serviço, relatando detalhadamente todas as mudanças ocorridas na conta. “Em transações online é muito importante ser cauteloso, principalmente a pessoa que deseja vender milhas, antes de tudo é necessário verificar a idoneidade da empresa com quem irá negociar” – explica o especialista. Algumas cidades possuem delegacias especializadas em crimes virtuais onde é possível registrar um Boletim de Ocorrência.

Empresas devem ressarcir as vítimas de golpe

De acordo com o Código do Consumidor as empresas que estabelecem relação com o cliente por intermédio da web devem dispor de um sistema seguro. Os eventuais riscos provenientes do uso da internet são de responsabilidade da empresa e fazem parte de suas atividades como prestadora de serviços. O Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor deixa claro que o serviço também é considerado defeituoso quando não fornece a segurança necessária que o consumidor espera.

Como se beneficiar sem sair de casa

Com a crise econômica que o país vem enfrentando, viajar já não está mais entre as prioridades do brasileiro. Pesquisas afirmam que mais da metade dos brasileiros querem cortar gastos com viagens nos próximos meses. Essa tendência já se reflete na procura por passagens aéreas. Dados da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) demonstram que a demanda por voos domésticos acumulou, em julho, um ano de retração, já a busca por viagens internacionais nas companhias brasileiras recuou pelo quinto mês consecutivo.

Dólar caro, inflação e desemprego são fatores que contribuem para o índice negativo. A maioria das famílias buscam formas de complementar a renda e evitar gastos. Para quem possui um saldo de pontos acumulados e não pretende viajar, é válido recorrer a empresas especializadas na compra de milhas, que tem ganhado cada vez mais espaço no mercado e podem ser uma alternativa para aqueles que precisam de um dinheiro extra.

De acordo com Francisco Lobo esse tipo de negociação abrange a pontuação dos principais programas do país e também de companhias aéreas internacionais, e os valores pagos geralmente são mais atrativos. “Se o cliente possuir um saldo significativo vale a pena solicitar um orçamento para obter o valor estimado e, assim, decidir se deseja vender seus pontos. Essa transação pode ser até mais vantajosa do que o resgate de produtos e serviços oferecidos pelos programas, visto que o pagamento em dinheiro atende as mais diversas necessidades do consumidor e é recebido diretamente em sua conta” – finaliza.

 

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