Entenda que detalhes é preciso estar atento na hora de avaliar uma moto usada

Confira as nossas dicas para você checar o seu estado de conservação antes de fechar negócio.

Quando o assunto é motocicleta, existem muitas particularidades e as dicas abaixo servem de parâmetro para descartar rapidamente algumas opções que não valem a pena.

Emerson Madeira, proprietário da Madeira Performance Mototécnica, oficina multimarcas especializada em motocicletas de alta cilindrada, diz que a primeira dica é pesquisar o preço médio com que o mercado está comercializando o modelo desejado. “Desconfie de preços muito baixos. Pode ser um veículo em condições duvidosas e precárias ou até mesmo um golpe”, explica, recomendando também que o comprador se atente à documentação da motocicleta.

Quilômetros rodados

Nem sempre uma baixa quilometragem é sinal de bom negócio. Há casos de motocicletas que ficam um longo tempo sem atividade, sem receber nenhuma manutenção preventiva. Por isso, é essencial que o comprador sempre cheque os registros no manual do proprietário para verificar se as revisões foram realizadas.

A adulteração de quilometragem, comum em carros, não é muito recorrente em motocicletas, mas ainda assim é preciso ficar atento. “A quilometragem da motocicleta fica gravada no painel e, caso ele tenha sido trocado, as informações podem não ser exatas”, diz. Por isso, verifique se a quilometragem indicada é condizente, por exemplo, com a condição dos pneus e dos bancos. Quilometragem baixa em uma moto com banco ressecado e pneus muito gastos é indício de que algo está errado.

Antes de ligar o motor

Ao fazer a avaliação da moto, faça isso em um ambiente aberto sob a iluminação natural do sol. Ambientes fechados com luz artificial podem fazer muitos detalhes passarem despercebidos ou mesmo esconder problemas estruturais mais graves.
Madeira destaca a importância de observar a tampa do motor e os parafusos de fixação. Verifique se a tampa do motor apresenta pintura com tons diferentes. “Muitas vezes a tinta foi aplicada na tentativa de esconder imperfeições decorrentes de batidas e arranhados”, afirma. “Caso os parafusos estejam arranhados, raspados ou apresentem algum tipo de marca, é bem possível que a moto tenha passado por grandes reparos que demandaram a sua desmontagem.”

Procure por soldas ou trincas no quadro, indicativos de que a moto passou por algum acidente grave e podem comprometer a segurança. Cheque também o alinhamento do chassi, procedimento que é simples de ser feito, segundo Madeira. Peça para alguém segurar a moto de pé e a observe por trás. “Rabeta, a placa e o pneu da moto devem estar alinhados. Caso estejam em posições distintas, existe um problema grave”, diz Madeira. Uma moto com chassi desalinhado compromete a vida útil dos pneus e também de componentes da suspensão. Além disso, traz sérios problemas de dirigibilidade, pois a moto tende a se inclinar para um dos lados mesmo em linha reta, Ainda que na inspeção visual você não tenha notado nada, verifique no test-ride se a moto não apresenta esse comportamento.

Observe com atenção, também, o conjunto de coroa, corrente e pinhão. Os dentes devem estar arredondados. Se estiverem pontiagudos, já está na hora de realizar uma troca, o que significa um gasto elevado dependendo da cilindrada da motocicleta.

Ligando a moto

É importante que a avaliação comece com o motor frio – cheque a temperatura com extremo cuidado, aproximando a mão do motor ou escapamento. Ao acionar o motor, a moto deve pegar com facilidade (se a moto estiver quente, espere esfriar para testar o acionamento). “Fique atento a ruídos metálicos logo no início do funcionamento e que desaparecem após alguns segundos”, recomenda Madeira. Sons dessa natureza indicam problemas graves. “Se isso acontece, existe folga excessiva entre peças móveis como virabrequim, bielas, pistões e válvulas”.

Após dar a partida, veja atentamente se o motor não mostra sinais de vazamentos. Outro indício de problema é fumaça saindo do escapamento. “Se a fumaça apresentar coloração azulada e aumentar com a aceleração, é sinônimo de óleo queimado e motor em condições ruins”, alerta Madeira.

E antes de sair para rodar com a motocicleta, verifique o óleo. Geralmente nas motocicletas a vareta (ou visor) do nível de óleo apresenta fácil acesso. Fique atento não somente com o seu nível, mas com sua tonalidade e consistência, que são fatores que revelam o estado do motor. “Separe uma gota de óleo e coloque na ponta do dedo indicador, faça fricção com o polegar e analise sua consistência”, recomenda o especialista. “Se parecer graxa, sujar bastante os dedos e exalar gasolina, é óleo velho ou com especificação errada para o motor, mais grosso, colocado justamente para disfarçar os ruídos metálicos.”

No test-ride

Ao rodar com a motocicleta, observe com cautela o funcionamento dos comandos, que devem ter acionamento suave, independente da marca da moto. Se qualquer comando estiver duro ou borrachudo, é sinal de que será necessário a troca de componentes – e, obviamente, gastos. A simples troca de uma corrente, por exemplo, não faz com que a moto deva ser descartada de cara, mas é importante que esses gastos sejam somados ao valor da compra e, eventualmente, negociados com o vendedor.

Embreagem dura é sinal de que está no final da sua vida útil. Além disso, as marchas devem entrar sem solavancos e não podem ficar ‘escapando’. Já os freios precisam transmitir segurança. Ao rodar, atente para como a moto reage às irregularidades no piso – a moto não pode apresentar ruídos, nem dar solavancos. O acelerador também não pode estar duro (sinal de que o cabo precisará ser trocado em breve). O motor não pode demorar a responder ao acionamento da manopla e a aceleração precisa ser uniforme.

Com estas dicas você realizará uma avaliação inicial para a compra de uma motocicleta usada. Apesar disso, é importante que antes de pensar em fechar a compra, a moto seja avaliada por um mecânico de confiança.

Notícia publicada originalmente no Auto Esporte.

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