Princípios que melhoram a qualidade de vida através do design das cidades

Não se trata de uma questão estética: o design é uma forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Foto: Jornal Nexo

Foto: Jornal Nexo

É o que acredita Jan Gehl, arquiteto e urbanista dinamarquês que, há mais de 50 anos, dedica-se a transformar cidades em lugares mais agradáveis e atraentes para a população. Sua metodologia consiste em priorizar pedestres, ciclistas e a ocupação dos espaços públicos.

Pode parecer uma ideia óbvia, mas, na história, o planejamento urbano negligenciou a vida na cidade: espaços públicos cresceram avessos a seus moradores e ruas foram dispostas priorizando o deslocamento de carros. Um bom exemplo dessa lógica foi Brasília, erguida em 1950 e considerada símbolo da modernidade e progresso, mas cujos espaços públicos são esvaziados ou inexistentes.

A mudança de ênfase do design não só é possível como necessária e, segundo Gehl, deve ser feita a partir de estudos esmiuçados sobre os comportamentos e necessidades de uma população, sobre as interações entre a vida pública e os espaços públicos.

Em entrevista à revista “Fast Company”, dedicada a inovação e tecnologia, Gehl listou as cinco questões mais prementes no design urbano atual. Veja quais são:

1. O fim da ‘gasolina barata’

Cidades levam pessoas a passarem a maior parte do tempo sentadas: em seus carros, seus trabalhos, suas casas – algo responsável por grandes problemas de saúde entre seus habitantes. Para o designer, isso acontece graças a disponibilidade de gasolina a preços baixos, que permitiu, em países desenvolvidos, o surgimento de gigantescos subúrbios, distantes das áreas centrais, considerados locais agradáveis de se viver, mas que exigem longos deslocamentos – feitos prioritariamente em automóveis. Quando gasolina não for mais uma commodity barata, porém, os subúrbios deixarão de fazer sentido. É necessário parar de planejar esses espaços com base nisso.

2. A vida pública

Mais caminhadas, mais tempo em espaços públicos, menos tempo em casulos. É isso que as cidades devem, de alguma forma, incentivar. Segundo Gehl, se pessoas passarem mais tempo nos espaços públicos, eles se tornam locais mais seguros, mais interessantes e mais inclusivos.

3. Os diferentes sentidos

Não só promover caminhadas, mas para o arquiteto, uma boa cidade é construída em torno do corpo e dos sentidos humanos, de forma que as pessoas usem ao máximo suas capacidades para se locomover e experimentar o espaço ao seu redor.

4. Transporte mais igualitário

A regra é quase geral: regiões mais afastadas da área central de uma cidade apresentam renda per capita menor e boa parte do orçamento familiar é gasto em deslocamentos. Acesso a transportes mais eficientes, financeiramente acessíveis e alternativos é essencial para promover a igualdade social nas cidades, diz o urbanista.

5. Abandone carros

Os tempos de ouro dos automóveis acabaram, defende Gehl. Design de cidades centrado em carros não faz mais sentido para as grandes metrópoles: não há mais espaço para as vias necessárias a este tipo de deslocamento. Numa cidade densa, é possível chegar a todos os lugares caminhando ou usando bicicletas. Carros autônomos, lembra ele, não solucionarão o problema: eles devem beneficiar apenas a indústria automobilística e não os moradores das grandes cidades.

Loocalizei este conteúdo no Jornal Nexo

Deixe seu comentário

comentários