Brasil é o segundo país mais complexo do mundo para a realização de negócios

O Índice de Complexidade Financeira 2017 da TMF Group classificou o Brasil como o segundo país mais complexo do mundo e o primeiro das Américas em termos de conformidade fiscal e contábil.

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O abrangente relatório da TMF Group, um dos principais fornecedores mundiais de serviços empresariais de alto valor para clientes que operam e investem internacionalmente, examinou as variadas complexidades para manter a conformidade contábil e tributária em 94 jurisdições na Europa, Oriente Médio, África, Ásia-Pacífico e Américas.

O diretor da TMF Group Brasil, Marco Sottovia, comentou que “além do atual cenário político e econômico, as complexas regulamentações fiscais e tributárias brasileiras dificultam cada vez mais a expansão das empresas no país. Os requisitos das declarações de impostos do Brasil são tão complexos que afetam diretamente a nossa competitividade, tornando menos vantajoso para empresas estabelecerem negócios localmente e fazendo com que o capital se instale em outros territórios. Ademais, o estado possui critérios rígidos de fiscalização exigindo que as empresas sejam cautelosas para garantir que todos os regulamentos pertinentes sejam cumpridos, de modo a conseguirem mitigar os riscos”.

Mais de 90 impostos, taxas e contribuições são cobrados no Brasil e variam de acordo com as jurisdições federais, estaduais e municipais. Além disso, o estudo da TMF Group observou que o lançamento e desenvolvimento do eSocial, um projeto conjunto de várias agências do governo federal para integrar o envio de dados de empregadores e empregados, promete criar um sistema único que substitui a necessidade de enviar declarações separadas para diferentes instituições. No entanto, a conformidade pode tornar-se mais complexa no curto prazo devido à necessidade das empresas de investirem em mais pessoas, hardware e sistemas ERP para cumprirem com os novos tipos de declarações.

“A complexidade do sistema brasileiro induz a equívocos por parte das empresas e geram a necessidade de uma interpretação de especialistas do sistema tributário para que os impostos e montantes corretos sejam pagos”, observa Sottovia.

Ainda de acordo com o Índice, a América Latina está entre as regiões mais complexas do mundo para as multinacionais realizarem negócios. No último ano, as economias latino-americanas continuaram lidando com escândalos de corrupção e instabilidade civil. Além do Brasil, outros países da região, como Colômbia (6º) e Argentina (9º), também estão entre os 10 mais complexos do mundo em termos de conformidade contábil e fiscal. No mundo, as jurisdições mais complexas são Turquia (1º) e Itália (3º).

Para os especialistas da TMF Group, a presença de cinco países da América Central e do Sul – Brasil (2º), Colômbia (6º), Argentina (9º), Bolívia (12º) e México (15º) – entre os 15 mais complexos se deve à prática comum de aplicação de três camadas de tributação: federal, estadual e municipal.

No outro extremo do espectro, as Ilhas Cayman (94º), as Ilhas Virgens Britânicas (93º), os Emirados Árabes Unidos (92º), Hong Kong (91º) e a ilha de Jersey (90º) estão classificadas como as jurisdições menos complexas devido às suas exigências simplificadas de declarações e taxas fiscais favoráveis para incentivar os investimentos. Na América Latina, os menos complexos são Costa Rica (56º), Peru (52º) e Nicarágua (51º).

Resumo dos resultados:

  • A Turquia (1º), o Brasil (2º) e a Itália (3º) são os países mais complexos;
  • As Ilhas Cayman (94º), as Ilhas Virgens Britânicas (93º) e os Emirados Árabes Unidos (92º) são os menos complexos;
  • Cinco das 20 jurisdições mais complexas estão América Latina: Brasil (2º), Colômbia (6º), Argentina (9º), Bolívia (12º), México (15º).

Metodologia do Índice e classificações globais

Em uma pesquisa que compreendeu 70 perguntas bem detalhadas, a TMF Group solicitou aos seus analistas contábeis e fiscais internos que classificassem a complexidade de suas jurisdições locais de acordo com quatro parâmetros ponderados de complexidade.
Eles consideraram:

  • As regras e regulamentos contábeis e tributários das diferentes jurisdições;
  • Como incorporar regulamentos relevantes em sua empresa; e
  • Os riscos decorrentes da não-conformidade.

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