Cerca de 70% dos funcionários do Brasil não sente segurança profissional

Após um período de recessão – que teve início em meados de 2014 – e a queda de número de funcionários, o Brasil começou a mostrar, já nos primeiros meses de 2017, sinais de retomada do seu desenvolvimento econômico.

Foto via ADP

Para as empresas, esse atual cenário representa que, superada uma onda de demissões em massa – o número de desempregados no país atingiu os 13,5 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – as contratações também devem entrar em uma curva de recuperação.

Atenta a esse movimento, o ADP Research Institute divulga os resultados da pesquisa “Evolution of Work 2.0”, realizada com empresas com mais de 50 funcionários,  presentes em 13 países.

Dentre os principais destaques do estudo está a distinta percepção do ambiente de trabalho segundo o ponto de vista de empregados e empregadores. Enquanto os funcionários latino-americanos se demonstram engajados, gostam do lugar onde trabalham e procuram estabelecer conexões entre si, a preocupação com as situações política e econômica de seus países vai de encontro com essa visão positiva, desmotivando-os e diminuindo suas perspectivas quanto à possibilidade de receber aumentos e promoções, além de torná-los a população que mais troca de emprego em comparação à de outros continentes.

Funcionários e segurança profissional

Prova disso é que, apenas no Brasil, 66% da força de trabalho acredita que, “nos dias de hoje, não existe o conceito de segurança profissional”, e outros 63% sentem o impacto do atual contexto político de sua região. Resultados dessa percepção são os altos índices de turnover nas empresas baseadas no país. 51% dos brasileiros, por exemplo, acreditam que deveriam deixar suas atuais empresas para ganharem mais e apenas 24% dos funcionários se mantém na mesma companhia por três anos ou mais.

Em países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, no qual o índice de desemprego é menor e o mercado está mais aquecido, a saída de pessoas também é freqüente – 27% dos americanos mudam de emprego anualmente -, mas, curiosamente, 46% preferem uma nova oportunidade que paga o mesmo salário ou até menos.

A ADP reforça um sinal de alerta quando aponta que, mesmo cientes que uma troca de cargo é ideal, os funcionários latino-americanos gostam de seus atuais empregos e sentem que, com feedbacks frequentes e o reconhecimento de seu desempenho, seriam mais estimulados a permanecer na mesma empresa. Segundo a pesquisa, “funcionários brasileiros são os mais positivos em termos de feedback, sendo que nove em cada 10 afirmam que poderiam fazer uma grande diferença” em suas equipes. Enquanto isso, na América Latina, apenas metade das pessoas se sente valorizada no emprego, o que caminha em sentido completamente contrário à crença dos empregadores.

É tempo de mudar

E como as companhias podem perceber a realidade desses números em suas equipes e tornarem-se agentes de mudança?

Em tempos nos quais as empresas mais demitem do que contratam novos talentos e que a decisão de promover alguém é motivo de cautela, a concessão de benefícios e a preocupação com o desenvolvimento da carreira de cada funcionário podem ser algumas das saídas para a manutenção de um ambiente de trabalho estável e empregados mais satisfeitos.  Segundo o estudo Evolution of Work 2.0, “enquanto empregadores geralmente sabem quais são os principais elementos para atrair novos funcionários, criar um ambiente no qual o foco seja a boa experiência e a progressão profissional são pontos-chave para a manutenção dos talentos já contratados”.

A oportunidade de trocar de carreira dentro da empresa também deve ser uma opção colocada à mesa. A pesquisa aponta que funcionários têm mais chance de ficar sabendo sobre oportunidades de trabalho fora de suas companhias do que no próprio lugar no qual atuam – no Brasil, esse índice chega aos 56%.

“Independentemente do cenário econômico e político que o país enfrenta, é mandatório que as empresas tenham em pauta a constante preocupação com o bem-estar e o desenvolvimento de suas equipes. São elas que mantêm os negócios em andamento e, conforme nossa pesquisa aponta, muitas delas têm funcionários que gostam do lugar onde atuam. É preciso preservar esse nível de empatia e motivação com um foco cada vez maior nas pessoas e suas perspectivas profissionais. Parecem detalhes óbvios, mas que ainda estão dificultando a manutenção de talentos nas companhias”, comenta Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos Latam da ADP.

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