Celular ao volante: pesquisa do Detran deixa claro aumento no número de acidentes

Por Carlos Santana

O uso de celular ao volante tem crescido a cada ano nas cidades brasileiras.

Foto via Breakingpic

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran/SP), o número de multas por manuseio de smartphone no estado cresceu mais de 43% entre 2010 e 2015, passando de 80.182 casos para 114.894 ocorrências.

Em novembro de 2016, as multas para este tipo de infração sofreram reajustes, ficaram mais caras e passaram a ser consideradas gravíssimas. O motorista flagrado utilizando o aparelho enquanto dirige recebe sete pontos na carteira e ainda terá de lidar com o pagamento de multa no valor de R$ 293,47. É importante destacar que se antes ele era punido se estivesse falando ao celular, agora também cabe autuação se estiver segurando ou manuseando o aparelho, o que é mais comum, pois o fato é que nos dias de hoje não são apenas as ligações que distraem os motoristas. Os smartphones possuem recursos que chamam a atenção do condutor, como a possibilidade de tirar fotos e o uso de aplicativos como Facebook e WhatsApp.

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Apesar da punição ser cara para este tipo de delito, as chances de um acidente e as consequências dele podem trazer ainda mais problemas. Por isso, o simulador de direção veicular, hoje uma realidade na formação de novos motoristas no país que buscam a CNH – categoria B, permite, por exemplo, exatamente vivenciar a arriscada experiência de conduzir e manusear o celular ao mesmo tempo. É uma ferramenta que educa o condutor quanto à consciência dos riscos de adotar esse comportamento, mostrando que é praticamente impossível conduzir com segurança enquanto divide a atenção entre a direção de um veículo e uma conversa no celular. De que outra forma seria possível experimentar essa situação de maneira segura e lúdica que não fosse por meio de um simulador?

Vale destacar ainda que essa preocupação com o celular ao volante roubando a atenção do motorista não é uma realidade apenas brasileira. Um estudo realizado pelo Centro Médico Cohen Children’s Medical Center, em Nova York, revelou que essa prática já mata mais jovens nos Estados Unidos do que acidentes envolvendo o consumo de álcool. Cerca de três mil jovens americanos morrem e outros trezentos mil ficam feridos por digitar enquanto dirigem.

A jovem Taylor Sauer, de 18 anos, morreu após bater em um caminhão em Idaho, nos Estados Unidos. A garota conversava com um amigo pelo chat do Facebook e fazia publicações constantes na rede social antes do acidente.

Um estudo divulgado pelo Instituto Politécnico da Universidade Estadual de Virgínia, aponta que se para responder uma mensagem o condutor fique entre 4 e 5 segundos com os olhos fixados na tela do telefone a uma velocidade de 80 km/h, ele percorreria o equivalente a um campo de futebol sem olhar para a pista.

É inegável a participação dos celulares no cotidiano, porém o uso abusivo e em momentos inapropriados pode causar problemas graves. É importante reforçar constantemente os riscos que uma simples olhadinha para o celular ao volante pode trazer, não apenas para a sua segurança como para os demais que compartilham a experiência de trânsito com você. É necessário criar uma conscientização sobre o tema. Não é apenas uma questão de multas e pontos na carteira, é uma questão de vida.

Carlos Santana é vice-presidente do Grupo Tecnowise, que atua há 30 anos no mercado de tecnologia, infraestrutura e desenvolvimento de soluções para os segmentos de trânsito, veículos, simulação e mobilidade humana, sendo responsável pela produção de equipamentos de simulação profissional, como os simuladores de direção veicular.

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