Por que a segurança cibernética dos carros deve ser prioridade para montadoras?
Por Clarence Hempfield
Os veículos autônomos estão entre as tecnologias mais comentadas em 2016. Desde que Tesla, Google e Uber colocaram esses veículos no mapa de tendências para consumidores tenho sonhado com o dia em que poderei ter um. Infelizmente para mim, e para a indústria automotiva, esse dia pode não chegar tão cedo.
O repórter da Wired, Andy Greenberg, realizou uma experiência pilotado um veículo Jeep Cherokee sequestrado. Com a ajuda de dois pesquisadores baseados em St. Louis, que foram os “sequestradores”, Andy dirigia o carro, enquanto os sequestradores manipulavam o sistema computadorizado do veículo. O que começou como o sequestro do ar condicionado e da música, terminou com o acelerador desabilitado e um motorista sem controle.
O experimento mostrou o quão fácil pode ser para um profissional experiente hackear um carro, e chamou a atenção de consumidores e autoridades. No ano passado, a Administração Nacional de Segurança de Transporte Rodoviário (NHTSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, divulgou normas afirmando que a segurança cibernética deve ser prioridade dos fabricantes. O grande problema é que os hackers sempre encontrarão uma forma de contornar as mais recentes barreiras de segurança.
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O que é crítico no novo mundo de dispositivos constantemente conectados, particularmente os veículos autônomos, é que precisamos adotar uma visão holística da segurança cibernética que vá além de uma criptografia mais complexa.
A vulnerabilidade dos dispositivos conectados
Presumindo que os problemas de segurança cibernética possam ser resolvidos ao longo dos próximos anos, os veículos autônomos se tornarão um dos maiores colaboradores para a Internet das Coisas (IoT). Da mesma forma que outros dispositivos IoT, como telefones móveis e rastreadores de atividades físicas vestíveis, os veículos autônomos também gerarão dados a partir dos consumidores que influenciarão a maneira com a qual as empresas, governos e outros formadores de políticas operam. Mas como a maioria dos dispositivos conectados à IoT, as infraestruturas de software e os dados gerados pelos veículos autônomos também se tornarão mais expostos aos riscos.
Um levantamento recente feito pela resseguradora Munich Re, apontou que 55% dos gerentes de riscos corporativos entrevistados apontaram a segurança cibernética como a principal preocupação para os veículos autônomos. E 64% das empresas disseram se sentir totalmente despreparadas para atender a segurança cibernética.
Os fabricantes investiram bilhões de dólares no desenvolvimento de veículos autônomos, mas se não conseguirem manter os carros e seus motoristas seguros, eu nunca terei um desses veículos na minha garagem. Ao mesmo tempo em que a NHTSA pode não ter todas as respostas para as ameaças de segurança cibernética, os fabricantes de veículos podem olhar sob o capô de seus próprios veículos para encontrar uma potencial solução.
O futuro da segurança cibernético nos carros autônomos
Ninguém tem a resposta para resolver essa crise com potencial de múltiplos bilhões de dólares que os fabricantes de veículos estão enfrentando, mas eu acredito que uma resposta pode ser encontrada ao aproveitar a infraestrutura baseada em localização existente. Vivemos em um mundo onde a tecnologia está evoluindo rapidamente, e a maioria das empresas não possui o tempo ou o dinheiro para reinventar a roda toda vez que algo novo surgir no mercado.
Os fabricantes de veículos já possuem a infraestrutura instalada para coletar e usar dados baseados em localização, e eles têm conseguido capitalizar essas capacidades com indústrias que se beneficiem dos mesmos dados. Mas o mesmo poderia ser aplicado para a segurança de seus clientes.
Soluções e conclusões geradas a partir dados baseados em localização passaram para além de algo desejável para algo necessário para manter os motoristas seguros quando eles estiverem dentro de um veículo autônomo.
Clarence Hempfield é vice-presidente de Inteligência de Localização da Pitney Bowes.
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