Dados positivos do turismo olímpico refletem bom desempenho do setor aéreo
Medidas organizacionais contribuíram para melhora da pontualidade nos aeroportos.
A poucos dias do início dos jogos olímpicos, o setor aéreo brasileiro parecia abalado pela grandiosidade do evento: com a expectativa de receber milhares de passageiros, medidas precisaram ser implementadas às vésperas dos jogos para aumentar a segurança dos turistas desembarcando no Rio e em diversas cidades do pais. A princípio, tamanha mobilização causou certo desconforto: filas intermináveis e atrasos significativos causaram preocupação a respeito do impacto desse fluxo superior nos terminais brasileiros. Mesmo sob dúvidas, as operações especiais foram capazes não somente de contornar o problemas, mas até mesmo melhorar o índice de pontualidade nos aeroportos. Passados sete dias do início oficial das Olimpíadas, o índice de pontualidade dos voos nos terminais do país registrou o melhor desempenho em grandes eventos conquistando uma média melhor que a da Copa do Mundo de 2014. Não é à toa que durante os jogos do Rio, os aeroportos brasileiros receberem um número impressionante de turistas.
Organizando a casa
Um dos pontos mais relevantes para os viajantes estrangeiros culminou na ampliação de regras antes adotadas apenas em voos internacionais: medidas de segurança especiais foram estendidas também para os voos domésticos como precaução de incidentes. Com um vistoria mais rigorosa, incluindo a inspeção de bagagens de mão, a intenção foi minimizar riscos e evitar falhas na fiscalização. A princípio, as medidas implementadas apenas 20 dias antes do início dos jogos causaram certa desorganização na área de check-in dos aeroportos, gerando atrasos e insatisfações dos passageiros que tiveram que enfrentar longas filas. Devido a essas complicações, diversos voos foram cancelados causando preocupação a turistas e passageiros devido a aproximação dos jogos olímpicos.
Diante disso, foi necessária a adoção de uma força tarefa especial para organizar essas questões. Através da padronização operacional nos 40 aeroportos envolvidos no regime especial Rio 2016, foi possível planejar o fluxo, gerenciar o tráfego e a acessibilidade dos terminais. Essa ação, além de melhorar o desempenho das operações foi capaz de aumentar a pontualidade nos terminais. Contudo, ainda que essas medidas tenham sido monitoradas e simuladas em eventos teste desde 2015, o sucesso das operações também pode ser atribuído à colaboração de concessionários e passageiros, que rapidamente se adaptaram às mudanças.
Aumento do fluxo e da eficiência
Com o início das olimpíadas o volume dos passageiros aumentou consideravelmente: segundo números da Secretaria de Aviação, mais de 3 milhões de pessoas passaram pelos aeroportos do país para aproveitar aos jogos, só na primeira semana. O levantamento aponta que somente em São Paulo, o aeroporto de Guarulhos, um dos principais do país, movimentou 24% dos passageiros enquanto o Rio, sede dos jogos, é responsável por 20%. Mesmo com esse marco, os atrasos configuraram apenas 4,4% dos voos, porcentagem muito abaixo do limite máximo de 15%. Estima-se que a última semana da competição seja responsável por um dos picos de fluxo, onde grande parte dos espectadores e dos atletas toma seu caminho de retorno. Para manter o padrão de pontualidade no decorrer da competição, medidas especiais de controle de fluxo foram adotadas pelas autoridades aeroportuárias: ao fim da competição as delegações fizeram o check-in na própria Vila dos Atletas.
A redução dos atrasos nos aeroportos diminuiu as filas e influenciou na opinião do passageiro: a média de satisfação na primeira semana olímpica foi de 4,19 em uma escala de 5, segundo o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Para Francisco Lobo, especialista do setor “Se este nível de otimização for mantido após jogos, o cenário do turismo ficará ainda mais interessante para o Brasil que, com as olimpíadas, conseguiu demonstrar seu potencial turístico tanto para estrangeiros que já conheciam o país quanto para aqueles que tiveram a primeira oportunidade de conhecer a nossa cultura” – analisa o diretor da Cash Milhas. De fato, esse progresso não deve ser exclusividade do período olímpico: as medidas implementadas em virtude do evento devem ser mantidas nos aeroportos brasileiros mesmo após o fim dos jogos.
Período olímpico estimula o turismo nacional
O legado olímpico proporcionará tanto para o RJ, que já é um dos principais cartões postais brasileiros, quanto para o país, ainda mais visibilidade turística. Dados do Ministro do Turismo preveem um aumento de 6% do turismo nacional, expectativa que tem como base o histórico de outras cidades que sediaram o evento e obtiveram um bom crescimento. O sucesso também decorre pelo apoio dos brasileiros nas competições: um dos principais aspectos do sucesso do evento se deu pela torcida brasileira, muito acolhedora, participando ativamente e mostrando seu apoio até mesmo em jogos que não possuem tanta visibilidade e em jogos de outros países.
Tal cenário é de extrema importância para o turismo nacional, especialmente o doméstico, que tem amargado os efeitos da crise. Na visão de Lobo, “nos últimos anos, o brasileiro deixou de viajar devido à crise econômica. Para se ter uma ideia, a procura por destinos nacionais caiu mais de 7% em comparação com o último ano. Um evento deste porte, ainda mais aliado por medidas que melhoram o fluxo nos aeroportos pode dar novo ânimo ao passageiro e estimular este setor tão importante para o pais.” Com o encerramento dos jogos olímpicos, o Brasil conclui a série de mega eventos iniciada em 2007 com os Jogos Pan-Americanos do Rio, seguidos pela Jornada Mundial da Juventude com a visita do Papa Francisco 2013 e a Copa do Mundo em 2014. Cabe observar se o legado deixado por tais realizações será de fato benéfico ao turismo nacional e se as melhorias serão mantidas a longo prazo.