Agência de Marketing Digital implanta microchips em colaboradores
Implantar um microchip de identificação sob a pele é, para alguns, o passo seguinte natural rumo à “Internet das Coisas” e uma porta para um futuro no qual a tecnologia estará a serviço do ser humano, diretamente incrustada em seu corpo.
Para outros, que uma empresa proponha a seus funcionários que enxertem no organismo uma “cápsula” para abrir portas ou ter acesso ao computador representa uma perda de liberdade e privacidade em uma corrida rumo a uma sociedade na qual a tecnologia, a serviço de governos e empresas, serve para controlar os cidadãos.
“Não somos Big Brother e não podemos rastrear nossos funcionários com o microchip (…) É só uma maneira mais fácil de abrir as portas ou ter acesso a seu computador. É completamente voluntário”, explicou à Agência Efe Tim Pauwels, sócio-diretor da NewFusion, uma empresa belga de software especializada em marketing digital que implantou um microchip em vários de seus empregados.
O dispositivo, similar ao que se utiliza para identificar os animais de estimação, consiste em uma capa de vidro pouco maior que um grão de arroz com tecnologia de identificação por radiofrequência (RFDI) e uma memória de 868 bytes.
A tecnologia RDFI pode ser ativa, quando emite sinais rastreáveis e cuja aplicação é comum em armazéns industriais ou na pecuária, ou passiva, como a que implantaram em sete dos 12 funcionários da NewFusion.
No caso dos seres humanos, o microchip é inserido na mão, entre o indicador e o polegar, e funciona como uma matrícula cujo número de série pode ser trocado a partir de um aplicativo de celular.
Não contém nenhum dado do usuário e não emite sinais que permitam localizá-lo, mas substitui os cartões pessoais comuns em muitas companhias. “Os que não querem o microchip podem utilizar o cartão. Alguns de nossos funcionários, especialmente mulheres, usam um anel ou um bracelete com a mesma tecnologia dentro”, comentou Pauwels.
O microchip pode ser adquirido na China a partir de 20 centavos de euro a unidade, mas os escolhidos pela NewFusion são fabricados nos Estados Unidos, custam 100 euros e vêm com um set de instalação esterilizado.
Um tatuador o implanta com uma seringa do mesmo calibre que as usadas para doar sangue. Se sente a picada, dizem, mas depois a dor desaparece e fica uma pequena marca na pele, embora em alguns casos se se pode distinguir o implante em forma de pequena protuberância.
“Não se pode rastrear ninguém porque não tem GPS nem outro sistema de geolocalização e um profissional pode retirá-lo ou substitui-lo facilmente”, ressaltou o fundador da NewFusion, Vincent Nys, que considera “ingênuo pensar que nossa localização e nossa privacidade são seguros”.
“Se você caminha por Londres, podem te rastrear todo o tempo através das câmaras de segurança. O mesmo com o telefone… Deveria ser aberto um debate sobre que informação você aceita compartilhar com o mundo e qual não, em vez de governos ou grandes organizações como Facebook e Google decidirem o que fazem com teus dados”, acrescentou Nys.
A ideia nessa empresa belga de Mechelen, situada entre Bruxelas e Antuérpia e com um elenco jovem e uma cultura aberta à inovação, surgiu “dos empregados que perdiam seu cartão para abrir a porta”.
A companhia já utilizava esse tipo de tecnologia sem fio em alguns dos produtos que projetam e lhes pareceu “natural” aplicá-lo a seu próprio escritório. E de quebra se beneficiar do impacto midiático da manobra.
O empresário aponta outros aplicativos potenciais destes chips, como substituir os passaportes, os cartões bancários e abonos de transporte ou incluir informação médica para conhecer o tipo sanguíneo de um ferido inconsciente ao qual é preciso atender urgentemente, ou se é alérgico a algum remédio.
Pode-se inclusive imaginar um futuro com implantes mais avançados que meçam parâmetros médicos em tempo real, como o açúcar no sangue de um diabético ou a pressão arterial em alguém com problemas cardiovasculares.