Estudo revela mercado de produção de notícias falsas e “compra” de seguidores
No ano passado – com a campanha dos candidatos à presidência dos EUA, as notícias falsas viraram tendência.
Na pesquisa “The Fake News Machine: How propagandists abuse the Internet and manipulate the public”, a Trend Micro – empresa especializada na defesa de ameaças digitais e segurança na era da nuvem – explica detalhadamente este fenômeno.
A pesquisa aborda as motivações e o comércio online existente para a disseminação de notícias falsas e manipulação da opinião pública. Além disso, cita também ferramentas de promoção vendidas no mercado paralelo online e usadas para a compra de likes, views e seguidores.
Um exemplo? Tirar as curtidas e postar comentários negativos no artigo de um jornalista, e promovê-los com 10.000 retweets ou curtidas e 25.000 acessos pode custar $20.400 nos mercados vistos em ação pela Trend Micro.
Mercados regionais de notícias falsas
O levantamento explora também esquemas online usados para realizar campanhas de notícias falsas. O mercado chinês, russo, árabe e inglês visitados têm variações regionais. Tudo, desde as promoções em mídia social, criação de comentários falsos, e até mesmo manipulação de votação online são vendidos a preços razoáveis.
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Surpreendentemente, a Trend Micro descobriu que as campanhas de notícias falsas não são sempre trabalhos manuais de robôs programados, mas também são realizadas por pessoas de verdade por meio de grandes programas de crowdsourcing (colaboração coletiva).
Desacredite um jornalista por US$ 55.000
Imagine a seguinte situação: um grupo quer afetar a credibilidade e silenciar um jornalista que conta com 50k seguidores no Twitter, 10k amigos no Facebook, e publica artigos que atraem inúmeros comentários.
Por meio de uma campanha de notícias falsas, um grupo atacante pode, no período de quatro semanas, difamar o jornalista usando uma variedade de serviços disponíveis nos mercados online.
A compra de comentários pode criar uma ilusão de credibilidade. Dentro de 500 comentários, 400 deles podem ser positivos, 80 neutros e 20 negativos. Um custo de US$1.000 para este tipo de serviço resultará em 4.000 comentários.
Depois de estabelecer uma credibilidade imaginária, o hacker pode lançar sua campanha difamatória contra o alvo. A contaminação de uma conta no Twitter com 200.000 seguidores-robôs custa $240.
Uma encomenda de um total de 12.000 comentários com a maioria expressando sentimentos negativos e referências/links para reportagens falsas contra o jornalista custará aproximadamente US$ 3.000. Promover comentários negativos sobre o artigo de um jornalista com 10.000 retweets e 25.000 visitas, pode custar US$ 20.400 no mercado underground.
O resultado?
Por cerca de US$ 55.000, o conteúdo – supostamente legítimo – pode ser influenciado por inúmeros leitores desavisados que espalham uma impressão fragmentada e negativa da reputação do jornalista. Os pontos reais que o jornalista tinha o intuito de tornar conhecido para a população serão todos apagados pela boataria fabricada pela campanha.
Enquanto o cenário pode parecer apenas uma especulação, versões do fato ocorrem regularmente no mundo real. O que foi exemplificado recentemente por um jornalista no México que se tornou alvo de uma campanha de difamação.
Crie, em um mês, uma celebridade
A plataforma chinesa Weibo, pode tornar uma pessoa comum suficientemente popular nas redes sociais. Por 490 RMB (moeda chinesa) no underground chinês, é possível ganhar 500 seguidores no primeiro dia, e mais 1.000 no segundo dia. Acrescentando 1.000 seguidores/dia, dentro de uma semana, o perfil terá 11.500 seguidores excluindo seguidores orgânicos (pessoas reais que se inscreveram para o perfil por suas próprias razões).
Com menos de US$2,600, um perfil na mídia social pode facilmente alcançar 300K seguidores/mês. Isso pode ser sustentado mantendo o perfil ativo.
Um serviço em massa de fãs, relatórios e comentários, no valor de US$ 1.160 são apenas algumas das opções disponíveis para o operador da conta.
Bom senso e melhores práticas
Independente da mídia impressa, rádio, TV e, atualmente, a Internet, a sociedade sempre levará algum tempo para se educar com relação a um novo canal de comunicação e o discernimento para educar-se a ter um pensamento crítico em tudo que lê e compartilha.
Atualmente as mídias sociais e governos têm feito um enorme esforço para acabar com a estrutura de divulgação de notícias falsas.
O levantamento apresenta as melhores práticas sobre como a pessoas podem melhor detectar e diminuir o impacto das notícias falsas, assim como técnicas de análise aplicadas pela Trend Micro para revelar tais campanhas de manipulação nas mídias sociais.
O conhecimento destas técnicas também pode ajudar instituições, como governos e canais de mídia idôneos, a determinarem como melhor neutralizá-las. Usar o pensamento crítico é necessário não somente para descobrir a verdade, mas para manter o trabalho sério de jornalistas que utilizam a comunicação como método ativista para detalhar uma visão íntegra dos fatos.
Todos os detalhes técnicos da pesquisa e os insights sobre notícias falsas e manipulação da opinião pública podem ser encontrados aqui.
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