Montadoras são advertidas por propaganda enganosa sobre produtos “verdes”

Neste mês a Proteste conseguiu no Conar – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – três vitórias de greenwashing contra a Fiat, a General Motors e a Ford.

Foto via Pexels

O greenwashing é um marketing fundamentado em informações enganosas com o intuito de aumentar as vendas de um produto ou serviço usando algum diferencial referente ao meio ambiente, com o foco na preocupação ambiental do consumidor.

No caso da Fiat o anúncio denunciado foi o “Fiat – Pneu Superverde”, que, segundo a publicidade divulgada, conta com tecnologia sustentável que garante o baixo consumo de combustível e alta durabilidade, contribuindo para a conservação do meio ambiente. No entanto não é possível definir um pneu como sendo “verde”, uma vez que, ainda que ele apresente os benefícios citados, existem outros fatores envolvidos na produção, uso e descarte que descaracterizam o título de verde, muito menos“super, do produto.

O Conar decidiu que o anúncio não atendeu os princípios constantes no artigo 36 do conselho, que diz que as informações ambientais devem ser exatas e precisas, devem ter relação com os processos de produção e comercialização dos produtos e que é necessário que o benefício ambiental salientado seja significativo em termos de impacto total do produto e do serviço sobre o meio ambiente, em todo o seu ciclo de vida, ou seja, na sua produção, uso e descarte.

Em casos de greenwashing recomendou-se que o anúncio seja alterado até que sejam atendidas as exigências do código de forma a refletir nos anúncios a responsabilidade do anunciante com o meio ambiente.

Já a General Motors do Brasil foi denunciada pelo anúncio do Chevrolet Eco, que, segundo a empresa, “não apresenta nenhuma irregularidade, pois o Eco é de econômico e não de ecológico”. Porém, no anúncio do veículo também é citado uma melhoria nas emissões de poluentes. Ao associar o sistema Eco a uma melhoria como essa, a General Motors do Brasil pode levar o consumidor ao entendimento de que o veículo anunciado tem um apelo de sustentabilidade.

Dessa forma, o conselho recomendou que fossem retiradas do anúncio todas as referências à melhoria das emissões de poluentes decorrentes do sistema Eco.

Por fim, a Ford foi denunciada pelo anúncio do Ford Ecoboost, pois insinua que o veículo, além de ter baixa emissão de CO2, possui máximo equilíbrio entre potência e economia. Tal informação não condiz com a realidade, uma vez que o automóvel Fusion apresenta classificação D na geral, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem que mede a eficiência energética ou consumo de modelos semelhantes, assim os consumidores podem compará-los de “A” (mais eficiente) até “E” (menos eficiente).

Além de tudo, ele também não possui o selo do Conpet, que destaca para o consumidor os equipamentos que atingem os graus máximos de eficiência energética. Com base nesses dados de baixa performance é impossível caracterizar o veículo como o descrito no anúncio. O Conselho recomendou que as expressões “máximo” e “baixa”, presentes no anúncio, fossem alteradas.

A eficiência ambiental dos produtos e serviços é hoje um importante diferencial valorizado pelos consumidores. Greenwashing, ou disfarçar produtos convencionais atribuindo-lhes atributos que não possuem, é inadmissível.

Deixe seu comentário

comentários