Era da pós-verdade: qual é o papel da mídia na luta contra as notícias falsas?

O mundo passa por constantes transformações. Um fenômeno que vem acompanhando o crescimento do volume de informações que recebemos e compartilhamos foi consagrado pelo Dicionário Oxford como o termo do ano de 2016: a pós-verdade.

A nova palavra vem ganhando notoriedade, principalmente – mas não só –, no universo político e jornalístico e se resume a circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais.

O crescimento das ferramentas online de propagação das notícias como as redes sociais e a quantidade de fontes alternativas, têm aumentado, expressivamente, o consumo das chamadas fake news, produzindo, segundo o presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), Fábio Gallo, uma maior tolerância e indiferença com a verdade dos fatos. “As fake news sempre existiram, mas hoje, com o alcance e força da internet ganharam proporções alarmantes. É difícil até mensurar e identificar”, ressalta o executivo.

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Às vésperas de realizar o fórum “O papel da Mídia Brasileira na Era da Pós-Verdade”, no próximo dia 4 de abril, em São Paulo, Gallo reitera o protagonismo da entidade, do jornalismo profissional e das empresas de comunicação neste cenário. “É uma oportunidade de as organizações que prestam um serviço ético, crível e essencial despertarem na sociedade a consciência sobre a credibilidade da notícia e os processos que envolvem a apuração com rigor editorial”.

Google e Facebook começam caça aos sites de notícias falsas

Para se ter uma ideia da ascensão do termo, a palavra pós-verdade teve um crescimento de buscas realizadas por meio do Google, no último ano, de mais de 20,2 milhões de citações em inglês, 11 milhões em espanhol e 9 milhões em português.

Muito deste “sucesso” é oriundo das polêmicas e reflexos gerados a partir de declarações do então candidato e hoje presidente, Donald Trump à época da eleição americana.

No Brasil, tivemos, recentemente, episódios repletos de teorias sobre a causa da morte do então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavaski. “Em ambos os casos citados, e em tantos outros, há uma predileção por versões de boatos a fatos, com sérias consequências à sociedade”, explicita Gallo.

De acordo com o representante da ANER, a realização do Fórum, que conta com o apoio da ABERT, ABRACOM, ABRAJI, ANJ e Instituto Palavra Aberta, deverá trazer luz ao debate sobre o protagonismo do processo jornalístico e, a exemplo do que já vem ocorrendo no mercado de comunicação, pautará a imprensa durante os próximos meses. “O momento de reflexão é bastante propício e necessário, uma vez que no próximo ano teremos eleições no Brasil e as pessoas deverão diferenciar as referências informativas”, conclui o presidente da ANER.

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