Os espaços de coworking irão colaborar ou competir entre si?

Falar do futuro é sempre um tema desafiador, porém muito animador, ainda mais quando o assunto é sobre um segmento de mercado recente e inovador.

*Por Jorge Pacheco

Em 2015, a grande iniciativa do Banco Itaú em criar o Cubo, e hoje com o recém-inaugurado Google Campus em São Paulo, o sexto no mundo e único na América, fez muitos olhos fora do ecossistema de empreendedorismo se voltarem para um tema até então pouco explorado: o que são os coworkings? São duas grandes iniciativas e que com toda a certeza contribuem muito para o empreendedorismo nacional.

Mas, afinal, com tantos novos espaços, eles irão manter a ideia inicial de colaboração ou passarão a competir entre si? Falar do futuro é sempre um tema desafiador, porém muito animador, ainda mais quando o assunto é sobre um segmento de mercado recente e inovador. Entretanto, partindo de um princípio básico presente na cultura de espaços de coworking, eu me arrisco a responder essa pergunta.

Espaços de coworking naturalmente nascem com uma cultura de colaboração, ou ao menos deveriam buscar desenvolver essa atitude ao longo do tempo. Acredito sempre que esta cultura deve emanar não apenas entre suas paredes, mas também ir para fora, criar boas relações com outros espaços de coworking, corporações e até, por que não, governos. Coworkings não se fazem apenas da parte estrutural e eu não acredito em espaços que não estimulem a colaboração interna entre os coworkers, ou que se fecham para outros mercados.

Se isto acontece, o espaço não vive sua verdadeira essência, é apenas mais um grande escritório com menos paredes. Ao pensar em colaboração, devemos transcender e nos abrir para as infinitas possibilidades de conexão e desenvolvimento de projetos com outras pessoas e empresas. Se fechar entre paredes apenas limita e reduz o número de possibilidades e conexões.

O maior ativo de um espaço de coworking é a sua comunidade. Sendo assim, ele deve trabalhar para criar as melhores experiências, introduções e colisões. Quando esses espaços estão conectados e colaboram entre si, eles se tornam mais fortes e geram mais valor para suas comunidades. O que vejo hoje, são uns aprendendo com os outros, aperfeiçoando suas habilidades de gestão, conectando pessoas e expandindo as possibilidades de relacionamentos e colaboração entre todos.

Por outro lado, devemos considerar que todo espaço de coworking tem contas a pagar e objetivos financeiros a cumprir. Para muitos gestores, seus espaços são apenas mais um negócio e, consequentemente, eles almejam crescer e se tornarem líderes de mercado. Sob a ótica da competição, seria natural que os gestores olhem para outros espaços como competidores em um mercado onde para uns vencerem outros devem perder.

Respondendo de forma objetiva: sim, eu acredito que no futuro haverão espaços de coworking disputando posições de liderança, porém, mesmo nesses casos, acredito que eles estarão conectados e estimulando a colaboração entre si. Se mudarmos o velho mindset de competição de mercado, conseguiremos transcender a individualidade e olhar o mercado sob a ótica da colaboração.

Independente de qualquer projeção, fato é que somente a colaboração irá definir o sucesso e a liderança das empresas nos novos tempos. Os coworkers querem ampliar suas conexões, oportunidades de projetos e negócios, e é papel dos espaços fomentarem isso. A colaboração entre todos cria conexões, abrem possibilidades e despertam o interesse de outras pessoas para fazerem parte dessa mudança. Nessa transformação os espaços de coworking têm uma importante contribuição para dar.

Esse artigo foi escrito por Jorge Pacheco e postado originalmente no site Administradores.com.br. Jorge Pacheco é CEO e fundador da Plug, pioneira na cultura de coworkings no Brasil.