NEGÓCIOS EM FAMÍLIA: 4 pilares para alcançar o equilíbrio nos negócios
Poucos negócios em família resistem em ficar nas mãos de uma mesma família por mais de três gerações. Os conflitos humanos e divergências de toda espécie são as grandes causas deste insucesso, levando à venda ou quebra dos negócios.
Minha experiência no trabalho com famílias empresárias têm apontado que, em geral, elas não sabem se estruturar como uma “equipe” de trabalho coesa e unida. Ou impera o estilo autocrático de gestão do fundador da empresa ou permeiam a desordem organizacional e confusão de mando.
A história empresarial tem mostrado que, tanto os negócios em família como as não familiares dependem de boas equipes para se desenvolver, se perpetuar.
Surge portanto o grande desafio para os negócios em família: como fazer com que a família ou as famílias sócias de um negócio trabalhem e performem como uma boa equipe? Para que isto aconteça, as famílias e seus negócios precisam estar estruturadas em torno de “pilares”, que criam as condições de um trabalho de equipe efetivo.
Constantemente escutamos falar, que nos conflitos ou desavenças familiares, impera a emoção em detrimento da razão. Desde cedo na educação, os pais precisam zelar e mostrar aos seus filhos, que divergências de opiniões são muito salutares, mas que estas precisam ser resolvidas de forma pacífica e com o emprego da razão. No mundo dos negócios, divergências entre irmãos, onde a emoção se sobrepõem à razão, nos remetem aos seus tempos de criança/juventude, onde brigas físicas e emotivas emolduravam a contenda. Portanto o Pilar da Emoção precisa ser constantemente trabalhado, pois ele pode quebrar e arruinar o negócio da família.
Existe uma constante preocupação entre irmãos, em relação à herança. O quanto caberá para cada um do negócio da família. Brigas sucessórias são famosas, sendo que elas poderiam ser evitadas se a estrutura societária da empresa familiar fosse arquitetada, definindo-se a participação na sociedade dos futuros sucessores ou fazendo doação em vida das cotas ou ações, com usufruto dos pais. Isto acontecendo antes dos filhos ingressarem nos negócios ou atingirem a sua maioridade, se consubstanciaria em outro pilar de grande relevância – o Pilar da Estrutura Societária.
Envolver os filhos de forma inteligente nos assuntos relativos aos negócios familiares se constitui num outro desafio. Nem todos os filhos terão interesse pelos negócios da família, escolhendo outros caminhos profissionais. Mas estes, mesmo não atuando diretamente na gestão da empresa serão seus futuros controladores ao herdarem as ações de seus pais. Decisões estratégicas e ou táticas somente poderão ser implantadas com anuência de todos os sócios (irmãos). Assim sendo, é salutar que existam desde cedo conversas entre todos os familiares sobre os negócios da família, ou que, a partir de certa idade a participação dos filhos como ouvintes em reuniões de Conselho se torne uma rotina. O Pilar Empresarial, cria um ambiente de sintonia e uniformidade entre os familiares. Em resumo, todos acompanharão e saberão o que acontece na empresa. É de suma importância que em casa se falem das coisas boas da empresa familiar e não somente de seus problemas como geralmente acontece nos lares dos empresários.
Por fim, o Pilar Tecnológico também terá uma importante função. Nos dias de hoje, na maioria dos casos, os filhos nasceram digitais. Os mais jovens são atraídos pela tecnologia e novas formas de empreendedorismo. Querem fugir do tradicional. Portanto os chefes das Famílias Empresárias, precisam ter suas empresas tecnologicamente atualizadas ou criarem novos negócios, quiçá com a participação dos filhos, sustentados no Pilar Tecnológico. A retenção de talentos é um enorme desafio nos dias atuais e os filhos com certeza fazem parte deste pelotão da modernidade.
Uma família alicerçada nos quatro pilares: Emocional; Empresarial; Societário e Tecnológico tem grandes chances de se tornar uma excelente equipe, trabalhando para o desenvolvimento e perpetuação dos negócios da Família Empresária.
Texto por Thomas Lanz, fundador da Lanz Consultores Associados, empresa especializada em governança corporativa, gestão de empresas médias e grandes no Brasil.