Retração de quase 50% no volume de empréstimos para casa própria assusta Abecip
Apesar disso, Abecip avalia que a situação melhorará e a economia voltará a situação de normalidade.
Volume de empréstimos para aquisição e construção da casa própria com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somou R$ 22,6 bilhões no primeiro semestre de 2016, uma queda de 49,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram emprestados R$ 44,8 bilhões, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança em São Paulo (Abecip) nesta terça-feira.
Mesmo com o número ruim, a Abecip avalia que as expectativas melhoraram e a economia tende a retornar uma situação de normalidade, o que deve se refletir positivamente no setor daqui para a frente.
O presidente da Abecip, Gilberto Duarte de Abreu Filho, disse que a conjuntura econômica nos seis primeiros seis meses do ano foi muito ruim, com desemprego crescente, recessão (o Produto Interno Bruto da construção civil recuou 6,2% no período), além de inflação em alta. Esse cenário desestimulou o consumidor a tomar dívida de longo prazo, como é o financiamento da casa própria.
“O primeiro semestre foi pior do que esperávamos em termos econômicos. O consumidor fica preocupado com o emprego, em entrar numa dívida que dura até 30 anos. Tudo isso resultou numa retração de 6,2% do PIB do nosso setor, que chegou a crescer 20% ao ano em 2010. Mas estamos num momento de inflexão, em que a curva de juros está em queda, o risco país diminuiu e a economia tende a retornar a uma situação de normalidade, o que significa que o mercado imobiliário volta a se aquecer”, diz Abreu Filho.
Ele estima que os financiamentos ainda devem encerrar o ano em queda de 34% este ano (de R$ 76 bilhões para R$ 50 bilhões). A Abecip ainda não tem uma estimativa ara 2017, mas acredita que os números devem melhorar se as expectativas de retomada dos indicadores econômicos se materializarem.
Abreu Filho afirma que as mudanças anunciadas pela Caixa Econômica Federal com mais recursos tanto para consumidor quanto para empresas já foram incorporadas às projeções menos pessimistas para este ano.
Segundo a Abecip, o financiamento à pessoa física para aquisição de imóveis com recursos do SBPE caiu de R$ 33,5 bilhões no primeiro semestre de 2015 para R$ 17,5 bilhões no mesmo período deste ano, um recuo de 47,7%. Já os empréstimos para construtoras tocarem seus empreendimentos, também com recursos da poupança, recuaram de R$ 11,3 bilhões para R$ 5,1 bilhões, no mesmo período de comparação.
Abreu Filho lembra, entretanto, que o segmento de imóveis mais populares, financiados com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), mostrou crescimento nos seis primeiros meses do ano. Os empréstimos subiram de R$ 27,2 bilhões para R$ 27,6 bilhões, uma alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2015.
“Estamos num dos pontos mais altos da história de financiamentos de habitação popular. O mercado está muito aquecido neste ramo”, diz o presidente da Abecip. A inadimplência, considerando três prestações em atraso, com recursos do SBPE, está atualmente 1,8%, dentro de níveis históricos. “As pessoas têm atrasado duas ou três parcelas, mas procuram regularizar para manter sua casa nos contratos com alienação fiduciária, o que é positivo no mercado”, afirmou.
Fonte: Época