Natal: vendas deste ano podem ser influenciadas pela Black Friday
Cada ano que passa a Black Friday rouba as vendas do Natal no comércio brasileiro. Em função do barulhão que a mega liquidação promove todo novembro, tal entendimento poderia suscitar apenas uma impressão, mas não é e são os números que comprovam.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016, o desempenho registrado pelo comércio em dezembro foi o pior para o mês de toda a série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em 2001, por influência da antecipação de compras.
Assim, o que se vê é que a concorrência entre as datas promocionais só cresce, afinal o grande apelo da Black Friday em suas duas últimas edições foi justamente adiantar as compras de Natal, com a oferta de descontos que podem chegar a 70%. Segundo o IBGE, a ação da última sexta-feira de novembro tem ajudado a aumentar as vendas do mês há cinco anos e desde 2011 a distância entre os patamares de vendas dos dois últimos meses do ano vão diminuindo, confirmando novembro como mês de antecipação.
Outros dados de mercado dão conta da perda de protagonismo do Natal para Black Friday e, também, para os saldões de janeiro. No passado, o faturamento do Natal representava 70% de um mês comum e, hoje, apenas 30%. A percepção é que, com a diminuição de renda das famílias, os consumidores optam por se beneficiar dos preços promocionais em novembro, algo extremamente atrativo para os consumidores, sobretudo em tempos de crise, como tem sido os últimos anos. Ainda assim, o dia de descontos não gera os mesmos resultados da época em que o Natal ainda era a data mais esperada em vendas para o varejista, aquecida, sobretudo, pelo pagamento do 13º salário.
Para Ádila Ribeiro Berretella, diretora da TOP PEOPLE, empresa especializada em trade marketing e recrutamento e seleção, cada vez mais a Black Friday está tirando uma fatia do ticket médio do Natal, que sempre foi a primeira data no calendário de vendas. E isso é preocupante porque deveria haver complemento. Se na mega liquidação o faturamento do varejista é de encher os olhos e se mostra espetacular, depois recua porque existe um movimento de represamento de vendas, já que o orçamento do consumidor é único e ele decide quando gastar. Enquanto na Black o consumidor tem como foco os seus desejos de compras e, cada vez mais, se prepara, realiza pesquisa e adquire o bem se os descontos forem significativos, no Natal, como os presentes são direcionados para familiares e amigos, o investimento precisa ser compartilhado.
“Por isso, é necessário repensar urgentemente essa fórmula que se estabeleceu. Na verdade, já existe no Brasil um movimento favorável dos varejistas para que a data promocional seja transferida para um mês mais fraco em vendas, como setembro. Por outro lado, também há quem defenda outra forma de trabalhar essa dinâmica: oferecer, por exemplo, descontos na Black Friday, aproveitar o que for possível para o Natal e, caso as vendas sejam promissoras, prorrogar as promoções”, pontua.
O fato é que, enquanto os varejistas avaliam formas de lucrar mais e se adaptar ao novo momento do varejo, o que o consumidor quer é gastar menos e comprar com qualidade, independentemente de ser Natal ou Black Friday.
Informações: Via Pública Comunicação