Alta rotatividade é um fator ampliador do risco de fraudes nas empresas, segundo pesquisa
A alta rotatividade de funcionários é o maior vilão para o aumento no risco de fraudes nas empresas.
A conclusão faz parte do Relatório Global de Fraude & Risco 2016/17 da Kroll, que anualmente ouve centenas de executivos dos mais diferentes setores em todo o mundo responsáveis por programas ou estratégias de combate a irregularidades.
Dos 10 grupos industriais representados na atual edição do estudo, a metade aponta o turnover como o principal fator de vulnerabilidade, com média de 42% das indicações. De acordo com a pesquisa, os segmentos que mais sofrem com o vaivém de colaboradores são os de construção, engenharia e infraestrutura (40%); recursos naturais (40%); farmacêutico (41%); transporte (43%); e serviços profissionais (47%).
“Muito mais do que um desafio de captação e retenção à área de Recursos Humanos, a realidade cobra a implementação de uma cultura de conformidade que contemple todos os departamentos e posições da estrutura organizacional”, afirma Ian Cook, diretor sênior da Kroll no Brasil.
Para o executivo, o ambiente de negócios extremamente complexo e digital que as companhias vivem hoje torna a alta rotatividade uma questão ainda mais crítica porque seu impacto começa no operacional, mas pode tornar-se legal, financeiro, de imagem e reputação.
Nesse cenário, Cook reforça a necessidade de controles e políticas claras de integridade que desconstruam o clássico triângulo da fraude, formado pela racionalização e motivação do fraudador e, especialmente, pela oportunidade. “As organizações são feitas por pessoas e elas sempre terão um acesso e conhecimento privilegiados aos ativos das companhias, que devem ser gerenciados permanentemente para mitigar riscos.”
Mapa de risco
Em ordem de prevalência, o segundo fator que mais colabora para o aumento nas chances de fraudes é a entrada em mercados novos e de maior risco. A situação domina as indicações nos setores de manufatura (51%), bens de consumo (40%) e serviços financeiros (34%).
Já para o varejo, comércio e distribuidoras, pesa sobretudo o maior contato com o público via canais digitais, citado por 33% de seus representantes consultados, enquanto para companhias de tecnologia, mídia e telecomunicações, o problema reside principalmente na complexidade da infraestrutura de TI (39%).
“O quadro de vulnerabilidades é amplo e diverso, o que só reforça a necessidade por uma efetiva integração de departamentos na estrutura de gerenciamento de riscos para que haja uma visão holística das fragilidades institucionais” comenta Cook.
Gestão do capital humano
Afora a ameaça representada pela alta rotatividade, a gestão do capital humano ainda justifica maior atenção por outro resultado do relatório. Colaboradores (insiders) são os principais responsáveis por fraudes globalmente. No Brasil, 57% dos ilícitos empresariais foram praticados por gerentes de alto ou médio escalão (9%), funcionários juniores (22%) e por autônomos ou temporários (26%), grupo que responde pela maior participação e, com a terceirização, passa a inspirar maior cuidado entre o empresariado, avalia Cook.
E além de prejuízos ao caixa, para a maioria dos participantes um dos principais fatores afetados pela descoberta das irregularidades é a privacidade, segurança e moral de todo o quadro organizacional. “As pessoas honestas não gostam e não querem trabalhar em ambientes desonestos, fato que afasta talentos”, conclui Cook.