Burnout: o verdadeiro custo da síndrome — e como evitá-la

São 4 da tarde: você está no trabalho, mas não importa o quanto você tente, sua mente não consegue se manter focada. E o pior: o prazo para entregar aquele projeto acaba no final do dia. É isso, você está sofrendo de burnout.

Burnout

Foto: Right as Rain

O estresse diário torna tudo mais difícil e ao final da semana você se sente… esgotado! Aposto que todos nós já tivemos essa sensação. No entanto, essa exaustão pode ser muito mais do que um simples cansaço.

E é daí que vem o termo Síndrome de Burnout (em tradução livre, burnout significa esgotamento). Como sabemos que estamos sofrendo dele? Que medidas tomar para recuar e não deixar que a ansiedade tome controle? É sobre isso que irei falar.

Curiosamente, pesquisadores ainda não concordaram com uma definição clínica de burnout, mas muitos a caracterizam com três tipos principais de sintomas:

  • Exaustão – sensação de cansaço, redução na concentração, e em especial, queda de memória
  • Alienação – recusa de convites sociais, pessimismo e ceticismo;
  • Desempenho reduzido – perda de prazos, menos envolvimento com compromissos.

Todos já nos identificamos com algum dos sentimentos mencionados. Agora, imagine sentir-se dessa forma semana após semana, ou, dependendo da gravidade, por um período maior do que esse. Essa é a maneira como um indivíduo com burnout se sente: como se a lista de responsabilidades excedesse a capacidade de gerenciá-la.

Os custos reais do burnout

O peso da síndrome burnout é muito mais sério do que só “ter um dia ruim” ou “estar estressado”. A longo prazo, pode provocar efeitos sérios que vão, desde depressão, até a insônia ou problemas gastrointestinais.

Sem contar o impacto profundo que o burnout tem naqueles mais próximos: nossa família, amigos e colegas. Ao sofrer com burnout, o indivíduo gera também um estresse profundo nos relacionamentos interpessoais e no trabalho.

Outro ponto importante: muitos dos sintomas de burnout têm bastante semelhança com a depressão, no entanto, as esferas atingidas em cada uma das síndromes se diferenciam.

O burnout é especialmente relacionado às pressões da vida profissional, enquanto a depressão pode estar ligada às diversas áreas (relacionamentos românticos ou dinâmicas familiares e questões sócio-políticas).

Como saber então se estamos no caminho do burnout?

 

É claro que os sinais podem variar, mas em geral, os três sintomas que mencionei no início do artigo podem gerar algumas pistas:

– Executar tarefas fora da ordem lógica, ter esquecimentos frequentes ou ficar preso em tarefas simples: a exaustão nos leva a “ficar sem combustível” logo no começo da semana, chegamos ao ponto de não conseguirmos nos concentrar, por maior que seja o nosso esforço;

– Sair da cama e ir trabalhar se torna uma tarefa horrível, tornando-se gradativamente, uma situação estressante e carregada de ansiedade. Se estamos nos sentindo mais alienados que o normal, podemos nos tornar irritáveis, cínicos, ou frustrados com as pessoas. Podemos nos deparar cancelando compromissos simplesmente porque não temos energia e descontamos nossas emoções em outras pessoas;

– Por fim, a falta de comprometimento com nosso trabalho, pode se traduzir em uma performance reduzida. Começamos a encarar nosso trabalho de maneira apática, perdemos prazos, podendo cair em um ciclo de culpa: em que ao não fazer nosso trabalho direito, danificamos nosso desempenho ainda mais.

Retomando o controle

Quando tomamos o controle de uma situação, estamos nos dando a oportunidade de recuar e (por que não?) rejuvenescer.

Sim, existem fatores que contribuem para a sensação de burnout e fogem do nosso controle. Mas existem estratégias que podemos aperfeiçoar para nos renovarmos:

1) Conte com ajuda de outras pessoas:

Quando parece que a vida está indo rápido demais, pode ser fácil esquecer de pedir ajuda, feedback e apoio de amigos, familiares ou mentores confiáveis.

Mas, às vezes, simplesmente compartilhar como nos sentimos pode nos ajudar a lembrar que não estamos sozinhos. Quando estiver em dúvida, pedir ajuda a um terapeuta pode ajudar a processar estes sentimentos.

2) Priorize um sono de qualidade

Ter horas consistentes de sono, pode ajudar no aspecto exaustão do burnout. Desenvolva um ritual de descanso, como diminuir as luzes, acender uma vela ou até escrever em um diário: estes simples passos podem ajudá-lo a relaxar e a dormir mais rápido.

3) Cuide do seu corpo

Assim como o sono, uma nutrição adequada e exercícios regulares podem ajudar a mitigar os sintomas da exaustão. Está cientificamente comprovado: ter uma dieta adequada influencia diretamente o humor e o foco. O exercício promove o fluxo sanguíneo e libera endorfina, nos ajudando a nos sentir melhor com nós mesmos.

4) Mantenha um diário de estresse

Tendo em vista que os sintomas de burnout geralmente são desafiadores de serem notados, pode ser útil avaliar seus sentimentos ao criar um diário de estresse, usando um caderno ou uma ferramenta digital como o Evernote.

Algumas vezes por semana, e sempre que você estiver estressado, experimente fazer um ranking de alguns sintomas de burnout em uma escala de 1 a 10 (1 = este sentimento nem está presente; 10 = este sentimento é terrível):

  • Estresse
  • Sensação de esgotamento
  • Menor concentração
  • Esquecimento
  • Vontade de evitar situações sociais
  • Pessimismo
  • Apatia

Você também pode ranquear sua quantidade geral de energia de 1 a 10, sendo 1 totalmente esgotado e 10 sendo 100% empenhado com “pique total”.

5) Gerenciar o estresse no local de trabalho

Já que o burnout normalmente é associado ao nosso trabalho, esse é um lugar no qual definitivamente podemos criar um impacto. Não temos que aceitar a noção de que trabalhos são inerentemente estressantes e que não há nada que possamos fazer com relação a isso.

Encontre maneiras de estruturar o seu dia para incorporar pequenas pausas e maximizar seus momentos de energia total. Tente reduzir a sobrecarga de reuniões e foque suas horas de trabalho naquilo que importa.

No mundo “sempre ligado” de hoje, o estresse pode gerar certa culpa de não conseguirmos acompanhar tudo. Enquanto pode ser tentador camuflar essa sensação em nome da produtividade, o efeito é inverso: isso pode nos aproximar ainda mais do burnout.

Desenvolver a autoconsciência é essencial para reconhecermos o que precisa ser (re)ajustado. Usar o tempo para avaliar, relaxar e rejuvenescer pode nos deixar mais saudáveis, mais felizes, e sim, mais produtivos.

Por Valerie Bisharat, especialista em conteúdo da Evernote.