Em busca de novos horizontes, empresas curitibanas focam no mercado norte-americano
Segundo especialistas, atual momento do Brasil é positivo para que empresas invistam em mercados consolidados, como Estados Unidos e Canadá
Conquistar o mercado nacional já não é mais o limite para muitas empresas curitibanas. Nos últimos anos, tem crescido consideravelmente o número de empreendedores que vislumbram uma expansão para o exterior, principalmente para a América do Norte. Para atingir o objetivo, muitas delas reestruturam seus serviços, lançam novos produtos e firmam parcerias estratégicas.
O sonho de ver seus produtos nos Estados Unidos fez a Way Beer, produtora de cervejas artesanais, tirar do papel um projeto audacioso. “Passamos dois anos desenvolvendo um projeto de exportação consistente, que teve início no final de 2015. Começamos a desenvolver uma linha de produtos com potencial para atingir o mercado norte-americano, pois estamos tratando de um público cervejeiro mais maduro. Ou seja, não poderíamos trabalhar com estilos de cervejas que podem ser facilmente encontrados nos Estados Unidos, e foi aí que começamos a investir em linhas especiais para exportação”, detalha Alejandro Winocur, sócio-proprietário da Way Beer.
Em um primeiro momento, a cervejaria paranaense disponibilizou a exportação de sete rótulos, disponibilizados em Chopp e garrafas, entre eles quatro desenvolvidos exclusivamente para serem comercializados nos Estados Unidos (Sour Barley Wine, Sour Me Not – Caju, Amburana Barley Wine e Farmhouse Ale – Gabiroba). “A linha Sour Me Not, por exemplo, é bem peculiar e aposta em ingredientes com a cara do Brasil, como o Caju e a Graviola. Além disso, todas as cervejas exportadas têm um conceito diferenciado, que traz um pouco de toda a experiência e inovação da Way, como é o caso da nossa clássica Amburana Lager, maturada em Amburana Cearensis, uma madeira genuinamente nacional”, explica o cervejeiro e sócio-proprietário, Alessandro Oliveira.
Para entrar no mercado norte-americano, a Way Beer buscou uma parceira que tivesse uma grande experiência na distribuição de cervejas artesanais. “Firmamos uma parceria especial com uma das principais distribuidoras de cervejas dos Estados Unidos. Eles atuam há mais de 30 anos no segmento e são responsáveis por levar para o país algumas das maiores e melhores cervejas artesanais do planeta. Hoje, o público já pode encontrar nossos produtos em alguns dos principais bares e casas de cervejas dos Estados Unidos”, completa Alejandro Winocur.
Esse é o momento certo?
Para o economista Carlos Alberto Decotelli, professor do ISAE/FGV, de Curitiba, o momento é propício para empresas que pretendem investir no exterior, principalmente em países com laços econômicos com o Brasil, como Canadá e Estados Unidos. “Para ter sucesso, as empresas precisam analisar as mudanças ao seu redor, com estratégias de curto, médio e longo prazo, que devem ser atualizadas a partir das tendências no mercado. Analisando a atual situação do mercado brasileiro, hoje é um ótimo momento para investimentos no exterior, seja com a exportação de produtos ou com a implantação de unidades físicas. Além de terem uma boa relação econômica com o Brasil, Canadá e Estados Unidos têm políticas de incentivo muito interessantes para empresas que pretendem atuar no país”, detalha.
Segundo o especialista, Canadá e Estados Unidos oferecem encargos atraentes para que novas empresas invistam em seu solo, além de serem países extremamente organizados e estáveis. Já para empresas que pretendem exportar produtos, Decotelli sugere que elas invistam em produtos de excelência, que representem qualidade e inovação, pois seus produtos irão competir em um mercado pragmático e exigente. “Além disso, é muito importante que as empresas brasileiras estudem muito as estruturas regulamentares e os aspectos contábeis, além de analisar casos de sucesso de empresas brasileiras que já atuam no exterior”, completa.