Como usar seu FGTS inativo a favor do consumo consciente
Agora que os saques foram autorizados pelo governo federal, o que você vai fazer com o dinheiro da sua conta inativa do FGTS, caso seja o seu caso?
Para o Instituto Akatu, ONG que atua há 15 anos pelo consumo consciente, o consumidor deve refletir antes de sair gastando seu FGTS. “Não vale a pena fazer compras por impulso, pois se acaba comprando o que não se precisa e não é para isso que cada um de nós ganha o seu salário”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.
Uma boa ideia é guardar esse dinheiro para alguma emergência ou para realizar um sonho. Uma opção é aplicar o dinheiro em um investimento financeiro. Se for aplicar em fundos, é preciso analisar se o perfil do investimento, em termos de risco, é adequado ao que você acha adequado como nível de risco. Se o risco é grande, há probabilidade de se ganhar muito, mas também de perder muito.
Vale lembrar que as contas do FGTS são aquelas que deixaram de receber depósito de empresas devido à extinção ou rescisão do contrato de trabalho. Mas, originalmente, essa reserva era disponibilizada apenas para casos emergenciais e específicos, como, por exemplo, em situações de doenças graves, desastres naturais ocorridos na residência do trabalhador, ou ainda para pagar parcelas de empreendimentos imobiliários.
Para auxiliar na reflexão na hora de comprar usando o FGTS, o Instituto Akatu recomenda que o consumidor responda às Seis Perguntas do Consumo Consciente.
As Seis Perguntas do Consumo Consciente:
1. Por que comprar?
Pergunte-se, antes da compra, se você realmente precisa do produto ou se está sendo estimulado por propagandas ou impulso do momento, que podem levá-lo a comprar mais do que necessita ou pode comprar. É importante lembrar os limites dos recursos naturais do planeta e o que realmente é importante na vida de cada um. Isso muitas vezes vai significar “ter” algo não material no lugar do material, como dedicar mais tempo a atividades com a família e os amigos.
2. O que comprar?
É neste momento que definimos qual produto queremos comprar, ao analisar o que as opções disponíveis oferecem e escolhendo as características que realmente atendem às nossas necessidades.
Atributos demais que nunca serão usados são puro desperdício. Busca-se definir também a qualidade e durabilidade do produto, suas características de segurança no uso, eficiência energética e outros critérios que permitam selecionar sua escolha.
3. Como comprar?
Devo comprar à vista ou a prazo? Conseguirei manter as prestações pagas em dia? Vou comprar perto ou longe de casa? Como vou buscar e levar minhas compras? De carro, ônibus, bicicleta, a pé? Fazer compras de bicicletas no final de semana com a família pode ser divertido e uma ótima experiência para todos. E prefira sempre sacolas duráveis, ou mesmo caixas de papelão, a opções descartáveis.
4. De quem comprar?
Ao escolher a empresa fabricante do produto a ser comprado, é importante considerar as características de produção, o cuidado no uso dos recursos naturais, o tratamento e a valorização dos funcionários, o cuidado com a comunidade e a contribuição para a economia local.
Assim, o consumidor pode reconhecer e valorizar com suas escolhas as empresas que melhor cuidam da sociedade e do planeta, além de atender às características definidas na etapa “o que comprar?”.
5. Como usar?
É essencial encontrarmos formas de usar de maneira consciente os produtos e serviços adquiridos de modo a evitar a troca sucessiva de itens sempre que algo novo surge no mercado ou entra na moda. Alguns exemplos: ser cuidadoso no uso, usar os produtos até o final da sua vida útil, consertá-los se quebrarem antes de pensar em comprar um novo, desligar aparelhos eletrônicos quando não estão em uso e consumir somente o necessário de recursos, como a água, nas diversas atividades domésticas.
6. Como descartar?
É o momento de se perguntar se o que se quer descartar não tem mais nenhuma utilidade, seja para você ou para outras pessoas. Caixas e embalagens podem se transformar em brinquedos para as crianças, e roupas antigas com nova costura, móveis reformados e eletrodomésticos consertados podem ser doados ou trocados.
Quando realmente não houver novos usos para o produto, deve-se descartar os resíduos de maneira correta, buscando enviar o que for possível para a reciclagem. E sempre lembrar que não existe “jogar fora”: o “fora” é o nosso planeta, onde todos vivemos.