Como a geração digital está lucrando com o mercado imobiliário

Imagine um brasileiro que, aos 23 anos, tem duas casas de aluguel de temporada em Orlando, compradas por meio de financiamento no mercado imobiliário e que, com o aluguel, lucra o suficiente para pagar este empréstimo concedido pelo banco e ainda resgata US$ 3,500 por mês para curtir a vida e viajar pelo mundo ao menos três vezes ao ano.

Foto via Startupi

Vale ressaltar que, tudo isso acontece com a administração das propriedades por meio do celular. Esse empreendedor digital em fase de crescimento (ele já está adquirindo a terceira casa) é o estudante Pedro Molina – um exemplo em meio a esta geração que sabe lucrar com a familiaridade com o universo online.

Com as casas disponíveis em plataformas como o Airbnb, Pedro faz toda a gestão delas de onde estiver (e muitas vezes é de lugares como Dawsonville, na Georgia, ou Keystone, no Colorado, onde costuma ir para esquiar): cria diferenciais, faz reservas, desenvolve políticas de preços, promove negociações exclusivas etc. Tudo baseado na conectividade e nas oportunidades que nascem com a nova indústria da hospitalidade. A previsão é de que, em 15 anos, o estudante quite os dois primeiros imóveis que adquiriu e aumente ainda mais os investimentos. A escolha por comprar as casas em Orlando (EUA) está no fato de que um terço do mercado de hospedagem alternativa ser dos Estados Unidos e 25% estar nesta cidade da Flórida.

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Pedro uniu a bagagem que adquiriu vendo os negócios da família com a própria agilidade de trabalhar as plataformas digitais. Ele é filho de Ricardo Molina, um dos primeiros brasileiros a investir no mercado imobiliário nos Estados Unidos e que, hoje, é proprietário do site www.casanadisney.com.br, especializado no aluguel de casas; da Talent Imobiliária, empresa voltada para  a venda de imóveis para investidores, e da Innovare Homes, administradora de propriedades de brasileiros naquele país. Ricardo transformou em oportunidade de negócio centenas de casas abandonas pelo estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, ocorrida em 2008.

Mas por que investir no mercado imobiliário especificamente?

Hoje, a indústria de vacation homes, ou casas de temporadas, é um novo conceito no mundo, que ganha cada vez mais espaço com o advento de plataformas como o Airbnb e, segundo análises de mercado, será o principal meio de hospedagem nos próximos anos, em nível global. Para se ter uma ideia, em 2005, existiam 300 mil unidades (quartos e casas listados nos principais portais) no mundo. Já em 2016, fechou com três milhões de unidades e um lucro de US$ 100 bilhões. A expectativa até 2018 é de crescimento de 70%, ou seja, US$ 170 bilhões. Trata-se de um mercado que se baseia na economia compartilhada ou colaborativa, que diminui a ociosidade de objetos e imóveis por meio da tecnologia, potencializando negócios e provendo a sustentabilidade – o mesmo princípio do Uber.

Além dos números atraentes citados acima, é preciso levar em consideração o perfil das novas gerações, que querem viajar cada vez mais. De acordo com pesquisa realizada neste ano pela LendEDU, 72% dos “millennials”, também conhecidos como “Geração Y” ou “Geração da Internet”, optam por gastar mais dinheiro com experienciais do que com bens materiais. Eles querem ter grandes vivências em diferentes culturas e declaram fazer isso por meio destas plataformas digitais de alugueis de temporadas: para 37% dos entrevistados, o Airbnb tem sido a melhor opção e a mais barata. Casas ou quartos ofertados nos aplicativos podem sair cerca de 20% mais barato que uma estada em um hotel. Tudo isso está gerando um grande impacto na indústria da hospitalidade.

O movimento para este formato de hospedagem é tão forte que muitos países já estão repensando as próprias legislações em torno dos imóveis e os investidores do mercado imobiliário estão adaptando os negócios – como o pai do Pedro que começou lá atrás no mercado imobiliário de vacation homes e acompanha de perto as mudanças de cenário. Neste mês, Ricardo Molina passou a ofertar as casas de aluguel da Casa na Disney também na plataforma Airbnb, atingindo um público cerca de mil vezes maior do que apenas no próprio site. Segundo ele, “com os novos rumos dainternet, todos têm de se adaptar. É o movimento da desintermediação”.

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