Mototáxis a moda do Uber: startup cria aplicativo de garupas de moto
Assim como acontece em várias cidades brasileiras, a região metropolitana do Rio de Janeiro sofre com o trânsito. E mesmo com ônibus, metrô, carro e Uber nem sempre é possível escapar do tráfego intenso de veículos e dos atrasos.
Nas comunidades, por sua vez, outro modal se faz presente: as mototáxis, que transportam as pessoas do asfalto aos morros. Com o objetivo de oferecer trajetos mais rápidos e incluir os profissionais no cenário da cidade, surgiu o Garupa, um aplicativo que conecta motociclistas a novos clientes.
O Garupa foi criado pela Brave Invest, uma empresa especializada em criar startups e investir nelas, delegando sua gestão a profissionais com experiência nas áreas de cada projeto.
Segundo João Zecchin, 28 anos e sócio da Brave Invest, a ideia do Garupa surgiu para solucionar o problema de quem sofria com o trânsito e também para oferecer maiores ganhos aos motociclistas. “Há uma oferta grande de mototaxistas. Cerca de 5 mil, segundo nossos cálculos. É uma classe que trabalha em comunidades na maioria dos casos. Além disso, há gente que não mora nessas regiões e adoraria usar o serviço, mas não consegue. Vimos a possibilidade de organizar esse mercado.”
Para ser a CEO do projeto, Zecchin convidou Suellen de Aguiar, 28. Ela fez sua carreira no setor de logística, especializou-se na área e conhece o mercado de entregas e transporte de pessoas com motocicletas. Segundo Suellen, a criação do Garupa começou no fim de 2015. Há seis meses, foi lançada uma versão de testes. Em julho, o aplicativo começou efetivamente a rodar. O serviço funciona no Rio e nos municípios vizinhos à cidade.
Para solicitar um mototaxista – ou um “garupa”, que é como a startup chama os profissionais – basta abrir o aplicativo, informar o endereço e o destino e aguardar o transporte. ”O valor da corrida é informado antes do usuário solicitar o serviço e não há preços dinâmicos. Todos os clientes devem colocar uma touca descartável antes de colocar o capacete, cujo uso é obrigatório“, diz Suellen. As corridas podem ser pagas em dinheiro e com cartão de crédito, de acordo com a CEO.
Segundo Suellen, o Garupa oferece preços semelhantes ao do Uber X, modalidade que não permite o compartilhamento do carro com outras pessoas. ”Como não temos uma base tão grande de motociclistas, não conseguimos ser tão competitivos. Esperamos mudar isso no futuro. De qualquer forma, o nosso grande diferencial é fugir do trânsito.“
Suellen afirma que o serviço tem cerca de 500 “garupas” cadastrados. Ela não revela o número de usuários, mas diz que a base de clientes vem dobrando a cada semana. Segundo ela, a principal meta no curto prazo da empresa é levar o serviço para São Paulo.
Regulamentação
Um dos maiores obstáculos do Garupa é que a atividade de mototáxis ainda não é regulamentada em São Paulo, o principal alvo da startup.
No Rio, a atividade foi regulamentada em junho deste ano. Na cidade, o Garupa se baseia na legislação local para definir os requisitos necessários para os mototáxis: eles devem ter mais de 21 anos, pilotar motos há pelo menos dois, usar veículos fabricados a partir de 2008 e não ter antecedentes criminais.
Segundo Zecchin, a falta de regulamentação já foi considerada uma das ameaças ao sucesso do Garupa. Mas não mais. “Quando criamos a startup, tampouco havia discussões sobre o tema no Rio. Hoje já existe algo. Acredito que a pressão dos próprios motociclistas vai fazer com que a pauta avance em várias regiões”, diz.