Consumo Consciente: Moda & Sustentabilidade no Brasil

out 03, 2017 adminuser Consumo Inteligente

Matérias-primas locais e resíduos têxteis são testados todos os dias para (re)criar roupas sustentáveis. Mais preocupado com o consumo consciente, o Brasil é apontado como pólo de produtos inteligentes e ecológicos

Foto: Unsplash.

A indústria da moda quadruplicou na última década no Brasil. Ao mesmo tempo, infelizmente, esse segmento representa uma das indústrias mais intensivas em recursos do mundo, tanto em termos de recursos naturais quanto de recursos humanos.

Para tentar reverter esse quadro, o consumo consciente precisa e vem ganhando espaço. Assim como a preocupação com a origem dos alimentos começa a se difundir – você sabe ler rótulo corretamente? – a discussão sobre a origem e procedência de roupas e acessórios de consumo também. De onde vem a matéria-prima? Onde a roupa foi fabricada? Quais as relações de trabalho envolvidas no processo de produção? Há a exploração de pessoas e animais?

— ISSO É SUSTENTÁVEL?

É importante lembrar que **sustentabilidade não é a maquiagem verde no produto que vende um conceito rústico.**

Muito além disso.

Sustentabilidade é garantir que todo o processo de produção e venda preserve a saúde das pessoas, do meio ambiente e das relações de trabalho, gerando a menor produção de lixo possível.

Marco Lobo, Coordenador de Design do SENAI CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), no Rio de Janeiro, ressalta que a tendência da sustentabilidade já está modificando o currículo universitário, uma vez que os estudantes estão mais interessados em desenvolver novos produtos com base no reaproveitamento de outros.

“O Brasil tem uma riqueza cultural incrível em termos de fibras e novos materiais, e em nossos laboratórios trabalhamos para testar a aplicabilidade desses recursos”, explica o coordenador. Ele enfatiza que o curso de Design de Moda está sendo repensado com essa concepção de futuro sustentável, para que o estudante seja um gestor de moda com a visão de criar um produto utilizando o mínimo possível de energia, tecido e água.

— Indústria & Consumo Consciente

“O Brasil já está sendo apontado como pólo de produtos inteligentes e verdes. A indústria precisa reconhecer o poder dessa sustentabilidade” – Marco Lobo.

Uma pesquisa realizada pela e-bit, que mede a reputação das lojas virtuais avaliadas pelos consumidores, aponta que o e-commerce brasileiro movimentou em 2015 mais de R$ 41 bilhões. Isso favorece a divulgação e venda de peças de pequenas marcas sustentáveis, produtores locais e produtos artesanais, aliadas ao baixo custo de manutenção, grande rotatividade de produtos e comunicação direta com o consumidor.

Marcas já consolidadas também correm atrás do prejuízo. Algumas redes já trabalham a possibilidade de troca de peças antigas por novas e descontos com doações. A partir de tecidos descartados, novas ideias de criações fazem parte do movimento upcycling e da proposta da ressignificação do consumo de moda.

A Indústria 4.0, que chega ao mercado têxtil nos próximos meses, é o melhor exemplo do futuro sustentável na moda. Considerada a quarta revolução industrial, esse novo olhar para a fabricação de roupas une novas tecnologias com a Internet, gerando processos de produção mais eficientes, customizáveis e sustentáveis.

“Com um nível de customização avançado, por exemplo, vamos eliminar várias etapas do processo produtivo, inclusive o de desperdícios”. Isso significa, principalmente, a otimização de estoque, já que as marcas não precisarão de uma reserva enorme de modelos, cores e tamanhos.

“O consumidor vai escolher e comprar algo que se encaixe nos seus desejos e necessidades. É uma nova forma consciente de consumo, um novo perfil de economia colaborativa”, conclui Marco Lobo.

— Fique atento!

A relação entre moda e consumo sustentável é complexa e até política. Ela não deve ser tratada como recurso de marketing para vender mais, muito menos para mascarar processos que estão longe de serem cadeias sustentáveis.
Entretanto, economia circular, coleções cápsulas e economia colaborativa caminham para iniciativas éticas e possíveis. Já ouviu falar?

Consuma consciente!