Cultura organizacional como propulsora da diversidade

A posição das mulheres na cultura organizacional das empresas, seja em cargos de liderança, seja de forma geral, foi um assunto que evitei comentar por muito tempo.

Cultura organizacional e diversidade

Foto: Rawpixel

Isso porque, para mim, não há diferença entre os sexos; julgo ambos com as mesmas capacidades para assumirem qualquer função dentro de uma companhia. Além disso, na LG lugar de gente, onde entrei como estagiária e fui crescendo até chegar à presidência, em 2016, sempre fui reconhecida por minhas competências técnicas, comportamentais e por minhas atitudes, assim como as demais colaboradoras e colaboradores que trabalham conosco.

Apesar disso, notei a importância de abordar o tema quando me tornei presidente. Na ocasião, recebi diversas mensagens de mulheres também profissionais de importantes empresas do país me parabenizando pela conquista e reforçando o quanto é difícil e raro ver o sexo feminino conquistando seu espaço em cargos de alta direção. Percebi que algo que sempre foi muito natural para mim não era uma realidade para muitas mulheres.

Desde então, venho refletindo sobre o tema e fui atrás dos números. Hoje, as mulheres representam 43% da alta direção da LG, 46% da liderança da companhia e 39% do total de colaboradores, lembrando que a LG é uma empresa de tecnologia, onde a presença masculina geralmente predomina. No entanto, não há, nem nunca houve, nenhum tipo de investimento em programas específicos para ter esse quadro (que, no geral, muda pouco ao longo dos anos).

Bom, mas então, se não há cotas ou programas de diversidade, o que faz uma empresa conseguir mais igualdade entre os gêneros? Minha conclusão principal, baseada na experiência que tenho na LG lugar de gente, é que isso acontece devido à nossa cultura organizacional, aos valores da empresa.

Explico: aqui, sempre buscamos por pessoas que fossem aderentes à cultura organizacional, ou seja, profissionais que tivessem as competências técnicas exigidas para a vaga, mas, sobretudo, buscassem se autodesenvolver e crescer. Para esse perfil, sempre houve e sempre haverá espaço na LG lugar de gente, independentemente de gênero.

Da mesma forma, nossas promoções e reconhecimentos são baseados nas entregas e resultados de cada colaborador. Como ter certeza de que a opinião do gestor não está sendo imparcial? Aplicamos avaliações de desempenho com metodologias rígidas que consideram como critério de reconhecimento não apenas a validação do chefe direto, mas dos colegas e pares, bem como do próprio avaliado. Aqui na LG, em casa de ferreiro, espeto é de ferro mesmo, pois colocamos em prática as soluções que oferecemos ao mercado.

Eu não desmereço ou desacredito em programas específicos para diversidade; acredito que sim, eles são de suma importância, principalmente, se a empresa tem um histórico de predominância do sexo masculino na empresa e nos cargos de liderança. Mas acho que essa transformação só se perpetua a partir do momento em que investimos na cultura organizacional e mudamos o mindset dos que trabalham nela.

A começar pelo recrutamento. Será que sua empresa seleciona os talentos por suas habilidades, potencial de crescimento e aderência aos valores da companhia? Ou de forma inconsciente contrata pessoas que são parecidas com as que já existem na organização, reforçando ainda mais a não diversidade? É uma reflexão que eu sugiro a você.

Afinal de contas, assim como tantos outros líderes ou presidentes de uma companhia, comprometidos com o resultado, eu preciso focar em aumentar o desempenho das minhas equipes e em melhorar suas entregas. Pensando dessa forma, sempre vamos valorizar aquilo que as pessoas têm de melhor e garantir que a diversidade se torne uma realidade, como aconteceu naturalmente na LG lugar de gente.

 


Texto por Daniela Mendonça, Presidente da LG lugar de gente.

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