Desenvolvimento da indústria passa por identificação de competências, diz pesquisadora

Irmgard Nubler participou de palestras na Conferência Internacional de Educação Profissional, que ocorre em Curitiba (PR)

Para que as pessoas possam contribuir para o desenvolvimento de uma região, é necessário que suas competências sejam estimuladas e aproveitadas no mercado de trabalho, segundo a pesquisadora da Organização Internacional do Trabalho em Genebra, Irmgard Nubler. Para isso, de acordo com a pesquisadora, é importante que se analise em regiões industriais o que está sendo produzido pelos grupos sociais, para que isso possa ser estimulado. Irmgard concedeu entrevista após participar de uma palestra na Conferência Internacional de Educação Profissional, em Curitiba (PR), que termina nesta sexta-feira (12).

Segundo a pesquisadora, é importante que se faça uma antecipação de competências, que consiste em saber o que se necessita de habilidades para uma determinada região industrial. Para isso, ressalta, é importante que haja um diálogo eficaz entre os setores da sociedade envolvidos naquela região e que o diagnóstico seja compartilhado, ou seja, todas as partes devem trabalhar juntas. “Esse diagnóstico começa vendo o que os antepassados daquela região faziam e o que está sendo feito agora. Isso precisa ser incentivado desde criança para que se possam desenvolver as competências”, explica.

Habilidades

Irmgard dá como exemplo a região na Alemanha conhecida como Schwarzwald, que, na tradução para o português, significa Floresta Negra. Ela explica que há cerca de 250 anos essa região era habitada por famílias que produziam relógios cuco e que as habilidades desenvolvidas por essas pessoas possibilitaram que empresas com trabalho muito preciso se desenvolvessem naquela região, como é o caso das indústrias automotivas Audi, Bosch e Mercedes. “Isso não é uma habilidade específica de uma pessoa, mas de um grupo de pessoas. Graças às habilidades desenvolvidas no passado hoje é possível ter uma indústria de precisão”, explica.

No Brasil, a pesquisadora vê como um bom exemplo e que pode ter habilidades desenvolvidas a região de Curitiba, onde várias montadoras de automóveis se instalaram e atraíram mão-de-obra. “É preciso investir nesse aspecto para que as pessoas se sintam a vontade para fazer aquilo que elas se propuseram a fazer”.

Para atingir a inovação em uma região industrial é importante que as diversas habilidades do local sejam transmitidas para as pessoas que trabalham e que essas habilidades possam ser recombinadas, conforme explica a pesquisadora. “Em uma região que faz apenas um produto e todos tem a mesma competência, elas vão produzir apenas uma coisa. Mas uma região que produz, por exemplo, trinta produtos, têm mais habilidades. Quanto mais diversificada e complexa a base de competências na força de trabalho, mais opções para recombinação”, diz Irmgard.