Neutralizar as resistências: a chave para aumentar a longevidade da empresa familiar

Se há algo que preocupa 10 entre 10 empresários, certamente, é a longevidade da empresa. E não é à toa. Existe uma fórmula correta para passar o bastão de geração em geração e manter a empresa no rumo certo? Não existe receita de bolo, mas sim boas práticas implementadas no dia a dia.

Os dados do IBGE mostram que 90% das empresas no Brasil são familiares. Com esse número, dá para entender exatamente as angústias de quem trabalha diariamente com esposa/marido, filhos e irmãos.

Isso quer dizer que tem muita gente se preocupando com a questão citada no primeiro parágrafo. Por isso, pensei em alguns passos que podem ajudar a tornar a empresa perene.

Pense no negócio a longo prazo

O primeiro passo a ser feito é aprender a lidar com as gerações atuais. Muitas vezes, decisões são tomadas por questões emocionais que envolvem a família. E esse é um ponto crucial que deve ser resolvido o quanto antes. Não adianta pensar na longevidade da empresa e como ela estará daqui a 5 ou 10 anos se há algum tipo de desalinhamento entre os membros da família.

Portanto, é imprescindível que a empresa esteja acima de interesses pessoais e que todos estejam alinhados sobre os rumos. É importante que defina regras e estabeleça quais os papéis que cada membro deve ter dentro de uma hierarquia estabelecida previamente.

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Disciplinar o ambiente empresarial de forma lógica e racional em um contexto que envolve relacionamentos pessoais e/ou parentesco com alto teor sentimental, torna-se em uma missão altamente complexa e nem sempre satisfaz o interesse e a expectativa de todos os envolvidos. O que fazer?

  1. Alinhe entre os sócios os objetivos da empresa sob a perspectiva de médio e longo prazo e formalize a visão comum em um Pacto Societário;
  2. Infelizmente ao longo do tempo as relações interpessoais não se sustentam de forma linear, especialmente quando as futuras gerações ampliam os envolvidos de forma exponencial com a agregação de terceiros não consanguíneos. Isole a pessoa jurídica e assegure que eventuais problemas de natureza pessoal não atinjam e impactem a empresa – uma das alternativas é a constituição de holding familiar que represente a família perante a empresa e assuma juridicamente o papel de acionista;
  3. Construa soluções que não dependam diretamente dos sucessores, profissionalize a operação;
  4. Formalize políticas que normatizem o ambiente e delimitem expectativas, direitos e deveres para toda a estrutura;
  5. Desenvolva processos, ferramentas, controles e modelo de gestão que ofereçam transparência e conforto aos acionistas e demais estruturas não operacionais, como auditorias;
  6. Estabeleça as instâncias organizacionais de gestão e o organograma funcional com a respectiva matriz de responsabilidades e alçadas;
  7. Alinhado com o perfil individual, prepare os sucessores para assumir o papel de acionista e assim contribuir com o desempenho do empreendimento, esmerando na formação técnica, preferencialmente, em linha com o foco do negócio;
  8. Por fim, minimize polêmicas, estabeleça critérios claros e objetivos que definam os pré-requisitos a serem atendidos pelos candidatos a cargos executivos, independentemente de ser parente;

Também é necessário acompanhar o desempenho de todos os envolvidos nessa fase. Um profissional não deve ser mantido no cargo se o seu desempenho causar problemas ou estar abaixo do esperado. Uma alternativa é tentar realocar esse profissional para alguma outra área que ele também tenha afinidade.

Identifique os potenciais empreendedores

Esse talvez seja o maior desafio dentro de uma empresa. Identificar, na linha sucessória, quem tem o perfil mais adequado para liderar. E aí, reside outro problema. Imagine que um sobrinho tenha um perfil mais adequado que o filho do sócio fundador. Como lidar com essa situação? O ideal é conversar com ambos e mostrar que o que for melhor para o negócio deverá prevalecer.

Mas, e se não houver nenhum profissional adequado para ocupar o cargo? Neste caso, o ideal é mapear internamente as áreas e selecionar talentos que possuam potencial para manter o negócio sustentável. Lembre-se: a longevidade da empresa deve estar sempre em primeiro lugar.

“O negócio dá certo há 50 anos e não é agora que vamos mudar”

Essa é uma frase bastante comum de se ouvir, principalmente dos empreendedores mais antigos. Em tempos de negócios disruptivos onde setores vem sofrendo com a quebra de intermediários, manter o modelo de negócios que deu certo por muito tempo é um risco para o dono da empresa.

Não é porque a longevidade da empresa se mante firme durante muito tempo que ela não precisa mudar. Afinal, segundo as teorias evolucionistas do naturalista britânico Charles Darwin: “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

Veja o exemplo das agências de turismo, que sofreram quando as companhias aéreas passaram a vender bilhetes diretamente pela internet. Algumas empresas de muitos anos acabaram não resistindo e fecharam as portas, enquanto outras souberam estudar o mercado e se antecipar, focando em nichos e encontrando outros diferenciais competitivos.

Outro bom exemplo de adaptação para ajudar na longevidade da empresa pode ser observado no setor de telefonia que diariamente se reinventa para conviver e subsistir frente ao avanço da internet que assume cada vez mais atribuições, antes exclusivas da operadora telefônica.

Portanto, encare as mudanças como uma boa oportunidade para evoluir. O verdadeiro líder tem, essencialmente, a missão de não ficar restrito apenas ao que conhece. Avalie as situações que fogem aos riscos conhecidos, reinvente-se continuamente. Esse é o segredo.

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